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Em 50 anos, peça de dramaturgo americano é encenada em Cuba

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Jornal do Brasil

HAVANA - Pela primeira vez em meio século de revolução, uma obra de teatro escrita por um americano filho de cubanos e dirigida por um cubano-americano, El canto del pozo ciego (O canto do poço cego), chega aos palcos de Cuba, ampliando a ponte cultural aberta pelo preseidente Barack Obama na Casa Branca.

Tivemos muito trabalho para trazer uma obra escrita nos Estados Unidos a Cuba ressalta o diretor Jorge Luis Cacheiro, que saiu da ilha ainda criança, logo depois da revolução socialista.

O processo incluiu apresentações de obras cubanas nos Estados Unidos, não sem passar antes por problemas legais. Ou na ilha, onde roteiros de cubanos foram montados por um emigrado, como Alberto Sarrain.

El canto del pozo ciego, contudo, consegue abrir os teatros cubanos aos Estados Unidos. Um feito cultural e político que atrai, este mês, um grande público, incluindo gente de teatro, cinema e televisão, à pequena sala El Sótano. A obra aborda o enraizamento e o desenraizamento, a emigração, os valores e a necessidade de se chegar ao âmago dos sentimentos para se conhecer as pessoas, através da história de um menino que vive com a família em um lugar remoto e tem seu único e secreto amigo vivendo no fundo de um poço.

Escrevo sem pensar muito minhas peças vão estrear, mas a casa espiritual desta obra é Havana frisa Jorge Ignacio Cortiñas, jovem dramaturgo nascido em Miami, filho de pais cubanos, que apresentou a Cacheiro El canto del pozo ciego. Embora tenha temas universais, como a nostalgia, a rebeldia contra a autoridade, o querer partir e voltar ao mesmo tempo, a peça é muito próxima de Cuba.

Sem relações diplomáticas desde 1961, os Estados Unidos, onde vive 1,5 milhões de cubanos e seus descendentes, e Cuba, mantiveram poucos intercâmbios culturais, que foram quase interrompidos durante o governo de George W. Bush.

Com Obama, A coisa começou a se movimentar , explica Cacheiro, e recebeu apoio de várias instituições nos Estados Unidos, como o Theatre Communications Group e a Andrew Mellon Foundation.

Em Cuba, há um grande espírito de colaboração e uma forte curiosidade destaca Cacheiro. (AFP)