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Solange Badim não sai dos palcos desde a década de 80

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Daniel Schenker, Jornal do Brasil

RIO - Numa cidade como o Rio, não é fácil para o ator se manter trabalhando exclusivamente em teatro. Mas Solange Badim é uma das que consegue. A atriz que, nesse momento, se destaca como a Torre Eiffel no divertido musical paródico "Oui oui... A França é aqui! A revista do ano", que voltará a cartaz, no início de 2010, no Teatro Maison de France vem marcando presença nos palcos da cidade desde o início dos anos 80, quando deu seus primeiros passos na profissão.

Minha carreira ficou circunscrita ao teatro. De qualquer modo, não posso reclamar porque estou sempre trabalhando reconhece Solange. Até hoje fiz muito pouca coisa em televisão. Só participei de uma novela do começo ao fim: Porto dos milagres, na qual interpretei uma beata. Não foi uma experiência arrebatadora, mas gostei. Queria de ter mais oportunidade na TV. E nunca participei de um filme.

Solange Badim começou a fazer teatro em 1979, no Colégio Andrews, como aluna de Miguel Falabella e Maria Padilha. Foi no Andrews que conheceu Gustavo Gasparani, ator e um dos autores (ao lado de Eduardo Rieche) de Oui oui...

Na verdade, quando comecei a fazer teatro no colégio, Solange tinha acabado de sair conta Gasparani. Mas logo passamos a desenvolver projetos juntos. Participamos de uma peça, Irmã Maria Inácio explica tudinho para você, que foi censurada. Dirigi-a em Galinhas, um melodrama de penas e Marcedes de Medellin. Em Arca de Noé, fizemos um casal. E agora temos um affair em Oui oui, eu como Cristo Redentor e ela como Torre Eiffel.

Na virada da década de 70 para a de 80, a cena era tomada por grupos jovens e promissores, como Asdrubal Trouxe o Trombone, Pessoal do Despertar e Manhas e Manias. Falabella e Padilha, por exemplo, eram do Despertar. Paulo Reis, com quem Solange viria a trabalhar em outro grupo, o Marxmellow Internacional Troupe, também. No Marxmellow, ela conheceu Claudio Torres Gonzaga e firmou parceria em montagens como a de A mulher sem pecado, de Nelson Rodrigues (1912-1980).

Produzi este espetáculo. Aldir Blanc e Edu Lobo criaram músicas e Soraya Ravenle cantava relembra Solange.

À medida que o tempo passou, a atriz entrou em contato com diretores e dramaturgos diversos: João Bethencourt (1924-2006) em Bonifácio Bilhões Domingos Oliveira As guerreiras do amor Cecil Thiré Sonhos de um sedutor Hamilton Vaz Pereira O máximo e Sergio Britto Cafona, sim, e daí?. Guarda boas recordações de todas as empreitadas.

Adorei atuar ao lado de Jorge Dória em Bonifácio Bilhões. Hamilton é incrível, extremamente criativo. Traz a linguagem do nosso tempo sublinha.

Em Cafona, sim, e daí?, Solange Badim entrou no elenco para substituir Beth Lamas e estreitou contato com Claudio Botelho, que assinava a direção musical. Também ficou amiga de Charles Möeller, quando se conheceram nos bastidores da montagem de Carlos Gregório para Besame mucho.

Convidei-a para participar de As malvadas (primeiro musical da dupla, de 1996), mas a filha dela tinha acabado de nascer. Depois quase aconteceu de fazer Cole Porter, ele nunca disse que me amava (2000). Quando surgiu o projeto de Company, em 2001, não hesitei em escalá-la conta Möeller.

Company, de Stephen Sondheim, foi um projeto especial na trajetória de Solange Badim.

Considero que estreei em musicais nesta encenação, que exigia dos atores um trabalho bastante elaborado assume a intérprete.

Presença hipnotizante

A partir daí, a atriz atuou seguidamente sob a condução de Möeller e Botelho. Além de Company, integrou os elencos de Suburbano coração, Cristal Bacharach, O fantasma do teatro e A noviça rebelde.

Considero Solange Badim uma das melhores e mais completas atrizes que já dirigi. É dona de um humor particular e sofisticado e de uma presença hipnotizante em cena ressalta Charles Möeller.

Ela também não economiza nos elogios.

Charles e Cláudio são absolutamente precisos. Sabem o que querem. Têm os espetáculos desenhados na cabeça. É diferente de trabalhar, por exemplo, com um diretor de quem também gosto muito como o Antonio De Bonis, que deixa o processo correr mais solto compara Solange, referindo-se, ao final, ao responsável por espetáculos simpáticos como Lamartine para inglês ver.

A atriz intensificou seu vínculo com os musicais, valendo evocar sua participação em encenações de sucesso como Rádio Nacional As ondas que conquistaram o Brasil, texto de Fátima Valença dirigido por Fabio Pillar (sob supervisão de Bibi Ferreira) a partir de roteiro musical de João Máximo.

Minha ligação com musicais não foi planejada. De cinco anos para cá, a demanda aumentou bastante. Os próprios atores começaram a descobrir as suas possibilidades como cantores assinala.