ASSINE
search button

J. Velloso, sobrinho de Caetano e Bethânia, mostra sua face autoral

Compartilhar

Tárik de Souza, Jornal do Brasil

RIO - Depois de inventariar compositores que o marcaram na estréia (Aboio para um rinoceronte, 2004), o baiano J. Velloso, sobrinho de Caetano e Bethânia, mostra sua face autoral. O CD J. Velloso e os Cavaleiros de Jorge (Quitanda, selo de sua tia) tem intervenções de Virgínia Rodrigues e os Jorges Mautner e Vercillo.

Há espaço no mercado musical baiano para algo diferente da axé music?

- Os espaços nós temos aberto com criatividade. Lógico que, numa cidade onde existe uma música bem estruturada como o axé, as coisas ficam mais difíceis. Mas conquistamos uma visibilidade surpreendente aqui. Depois que começamos a fazer nossos Ensaios Itinerantes dos Cavaleiros de Jorge, em Salvador, muitos artistas de estilos variados passaram a fazer o mesmo. Durante estes três anos, temos nos apresentado em lugares diferentes de Salvador, mas já fomos à França, Portugal, Pernambuco, São Paulo, Sergipe, muitas cidades do interior da Bahia e até a Rio Branco (Acre). Queremos fazer agora o lançamento itinerante do nosso CD e chegar ao Rio também.

O tropicalismo de seu tio Caetano deixou alguma marca em sua música?

- Sinto que essa é a marca mais forte no meu trabalho e também no meu comportamento. Gosto de músicas antigas e das novidades. Continuo apaixonado por Lupicínio Rodrigues e Assis Valente, mas gosto muito de Lenine e Arnaldo Antunes. Caymmi e Gonzagão são meus ídolos, mas sei que quem me deu ouvidos e sentimentos para gostar dessa forma de nossa música foi o tropicalismo. Gosto de misturar e ter liberdade. Hoje sou um passarinho que presunçosamente quer voar com gaiola e tudo.

E a tia Bethânia está mais próxima de 'Os Cavaleiros de Jorge' pelo habitual sincretismo religioso de seu repertório?

- Acredito que esse pode ser um dos motivos entre vários. Mas a forma sincera e apaixonada que me entrego à música deve toca-la. Não posso dissociar a música da minha vida, isso aprendi com ela. E o sincretismo religioso brasileiro é forte e importante, nos ajuda a ter um olhar mais amplo, com menos preconceito.