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Ator Rodrigo Pandolfo ganha indicação ao prêmio Shell

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Renata Leite, Jornal do Brasil

RIO - Aos 24 anos, Rodrigo Pandolfo é um dos mais jovens indicados a edições do Prêmio Shell. Concorre este ano por sua atuação na comédia Cine-teatro Limite, na categoria Ator.

O acréscimo de R$ 8 mil na conta bancária, que nunca foi das mais extravagantes, o fascina, mas, para o garoto, que aos 15 anos deixou a acanhada Primavera do Leste, no Mato Grosso, para investir na carreira, a indicação é um grande começo.

Acordo de manhã e imagino o prêmio em cima da minha escrivaninha. Já sinto-me vitorioso só por abrir o google e ler meu nome em negrito listado entre os candidatos sustenta o ator.

Concorrem com ele o consagrado Sérgio Britto (A última gravação de Krapp e Ato sem palavras I), o global Marcelo Faria (Dona Flor e seus dois maridos), Leonardo Franco (Traição) e Fernando Eiras (A noviça rebelde).

Em Cine-teatro Limite, Pandolfo conduz todas as cenas durante as duas horas de espetáculo, e impressionou até o concorrente que o assistiu.

Pandolfo é um ator formado, não pode ser categorizado como promessa - avalia Britto.

É um profissional jovem que surge no cenário teatral com importância.

Pandolfo descobriu seu talento para o teatro quando, aos 13 anos, assistiu à primeira peça. Organizada pela igreja da pequena cidade do Mato Grosso, a encenação de O Auto da barca do inferno o fez ingressar nas aulas oferecidas na escola.

A gente gravava as falas para que fossem amplificadas em alto-falantes. A peça era toda dublada. Imagine o desastre. Aos 14 anos resolvi sair de lá.

Mudou-se então para o Rio com uma amiga da mãe e passou a conhecer o verdadeiro teatro. Em 2000, teve aulas no Tablado com Leonel Fischer. No ano seguinte, entrou para a CAL, onde se formou no fim de 2003.

Em Cine-teatro Limite, Pandolfo vive Sábato, um rapaz que sonha ser roteirista de cinema e tem sua vida invadida pela própria trama que escreve.

Responsável por conduzir o espetáculo, o ator só não aceitou o papel por estar produzindo outra peça.

Era uma oportunidade incrível. Além de ter texto e direção de Pedro Brício, com o qual nunca havia trabalhado, os princípios de vida dos personagens coincidiam com os meus. Tive de abrir mão da outra produção.

Brício já selecionara outra pessoa para o papel, mas o ator não pôde levar o projeto adiante. Foi a deixa para Pandolfo. O diretor garante que o sucesso da peça, cujo texto também concorre ao Prêmio Shell, deve-se em grande parte à atuação do jovem ator.

O personagem tem humor ácido, ao mesmo tempo em que vive num mundo lúdico e deprimido. Precisava de alguém que transitasse bem entre a comédia e o drama. Fiz leituras com muitos atores jovens e Pandolfo me impressionou pela força diz Brício.

O diretor o classifica como o maestro do espetáculo. Sem exibicionismos, conduz as cenas e sabe se camuflar quando tem a função de coadjuvante.

Ele é muito jovem, mas tem um talento que lhe garante estabilidade na atuação e segurança na qualidade do trabalho.

A maturidade de Pandolfo também é ressaltada por Guida Vianna, professora do Tablado, que o viu pela primeira vez na peça.

Fui surpreendida pela riqueza do trabalho de Pandolfo. O ator jovem tem a tendência de vitimizar o personagem, torná-lo um sofredor analisa a professora.

Pandolfo se baseia na narrativa, sem cometer exageros, mas com a habilidade de emocionar a platéia. Ele tem chão, apresentou um trabalho com muita categoria.

Embora essa tenha sido a atuação com maior repercussão, está longe de ser o único mérito de sua carreira. Pandolfo já conquistou espaços, embora modestos, em produções televisivas, como a atuação discreta em três capítulos na novela Paraíso tropical (2007), da Rede Globo, e a minissérie sobre Santos Dumont exibida no dominical Fantástico (2006).

Desde os 19 anos, vive dos rendimentos dos trabalhos como ator e de campanhas publicitárias.

No início, os nãos eram muito angustiantes. Com o tempo passei a conhecer atores brilhantes e bastante experientes que ainda não haviam conquistado seu espaço na televisão. Estou enchendo a minha mala e, quando acontecer uma oportunidade, a executarei com segurança.

Sua carreira teatral é mais extensa. A primeira peça profissional, o infantil Beto e Teca, teve direção de Renato Icarahy. Atuou em Indecência clamurosa , cujo elenco montou Bent, em 2005, com direção de Luiz Furlanetto.

As críticas positivas e reações emocionadas da platéia serviram para Pandolfo tomar consciência do poder da atuação. A peça ficou em cartaz durante um ano.

Fizemos apresentações no Rio e viajamos para São Paulo. Foi um sucesso diz ele, que ainda atuou em Pão com mortadela, dirigido por João Fonseca. Lá, foi assistido por Pedro Brício e conquistou seu espaço no Cine-teatro limite.