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Luana Piovani está casada com o teatro

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Ricardo Schott, JB Online

RIO - Controlar o medo em situações novas não é fácil, mas Luana Piovani, prestes a estrear o monólogo Pássaro da noite, de José Antônio de Souza, na próxima sexta-feira, no Teatro Leblon, diz estar lidando bem com seus temores. Apesar de ter escrito em seu blog que, por causa da peça, não consegue explicar o tamanho do medo, da insegurança que dá fazer algo tão arriscado , revela que o frio na barriga está apoiado no fato de se ver sozinha no palco mas ele vem diminuindo. A atriz retoma o affair com a TV em plena atividade no teatro (participa em novembro da série Faça sua história) e aguarda a estréia de três longas nos quais atuou. Vem contornando as demais dificuldades de antes da estréia, como burocracias do Ministério da Cultura e, como acredita, a pouca vontade de certas empresas de associar sua marca a um texto politicamente incorreto - foi noticiado que o espetáculo captou inicialmente apenas 20% do orçamento previsto.

Como você chegou a 'Pássaro da noite'?

Há dois anos e meio, o Marcos Alvisi me apresentou ao texto e eu me apaixonei por ele. E fui pedindo para ele me esperar. Estive fazendo teatro nesse tempo todo, em turnês de quarta a segunda que ficaram bem maiores do que esperávamos. E ainda emendei três longas. O Alvisi me aguardou, é uma pessoa maravilhosa, nossa relação é de carinho, de muita confiança.

E as dificuldades burocráticas para captar recursos? Como driblou?

Nada teve de ser mudado. A única coisa que aconteceu é que estou fazendo a peça com menos dinheiro do que gostaria de fazer, porque é mais difícil conseguir captar recursos para um espetáculo cujo texto é politicamente incorreto. As empresas têm essa dificuldade. Têm vontade de colocar sua marca apenas ao lado de coisas que elas consideram 100% corretinhas. Mas foi eu começar a produzir e o espetáculo aconteceu, começou a andar. Mas não mudei nada.

A peça é produzida por sua empresa, a Luana Piovani Produções. Você optou por produzir suas próprias peças para ter mais liberdade em escolher os papeis?

Foi para poder realizar meus sonhos. Comecei a produzir para que as peças fossem realizadas.

Você se sente mais à vontade sozinha ou acompanhada no palco?

É mais tranqüilo dividir o palco com outras pessoas. Quando se está sozinha tem mais desafio, você se sente mais vulnerável. O frio na barriga foi diminuindo, e estou melhorando a cada dia.

O que você pensa dessa onda de ex-participantes do 'Big Brother Brasil' em novelas?

Nem tenho alguma opinião formada a respeito, até porque não assisto a isso. É uma coisa que não passa pelo meu dia-a-dia, não passa pelas minhas questões, então não sei dizer. Acho que as oportunidades existem na vida e é válido quando a gente agarra e usufrui delas. Se alguém tem a oportunidade e aproveitou para evoluir, para estudar, então está tudo ótimo.

Você tem sua vida pessoal muito devassada pela imprensa e pela indústria de celebridades. Não teve medo de se expor mais agora, ao aparecer só no palco?

Não, de jeito algum. Inclusive, tenho medo de poucas coisas na minha vida e, entre essas poucas coisas, não está o teatro. O palco é uma coisa que me dá prazer, não medo. Eu tenho medo é da polícia, da política corrupta do Brasil.

O que você tem a dizer aos paparazzi que a perseguem?

O que eu tenho a dizer? Não tenho nada a dizer para eles. Não os conheço, não são meus amigos.

O que você achou da polêmica do nu que o Pedro Cardoso levantou recentemente?

Nem li sobre isso. Eu estou prestes a estrear, nem parei para ver isso direito.

Aliás, você chegou a ficar nua no cinema, numa cena com o próprio Pedro, no filme 'O homem que copiava'...

Nudez que só existe para vocês que estão vendo, né? No filme eu tiro o vestido para uma câmera de costas para mim. Quando a câmera foi para a frente só apareceu meu close.

Certo. Mas como você encara a questão do nu no cinema ou no teatro?

Olha, se eu for falar de uma peça que eu adoro, em A alma imoral, a atriz (Clarice Niskier) fica nua na peça e é como se ela estivesse de burka contando a história. Não me senti agredida em momento algum.

Você segue algum tipo de escola de teatro?

Sigo a escola realista de teatro e meu mestre se chama John Strasberg. Ele é filho do Lee Strasberg, do Actor's Studio. Não dá aula de teatro nem no Actor's nem no Lee Strasboutg Studio. Sempre aluga um teatrinho e dá uma aula para algumas turmas. Estudei com ele na Califórnia e em Paris. Onde ele vai eu vou. Sabe aquela coisa do O captain! My captain! , do filme Sociedade dos poetas mortos? É isso.

Você ainda se incomoda com o fato de ter que provar para certas pessoas que pode fazer um trabalho mais profundo?

Nunca me preocupei em provar nada para ninguém. Construí minha carreira de acordo com a minha vontade de fazer o que poderia me agregar conhecimento e conteúdo. Acho que, de tanto fazer terapia, há 13 anos, e de escutar todo esse tempo minha mãe me dizendo coisas sensacionais em casa, consegui isso. A gente conquista respeito com trabalho, e eu trabalho desde os 14 anos. Com 20 já era respeitada.

Você está fora da TV há bastante tempo...

Vou voltar agora em novembro, para fazer uma participação no seriado Faça sua história.

Exato, mas não tem sido comum ver você na televisão. Valeu a pena ter trocado o glamour das novelas pelo teatro?

Sim. Digo que sou casada com o teatro e tenho um affair com a televisão. Tenho muito orgulho da minha carreira. Quando você quer construir uma coisa com mais estrutura tem que se arriscar. E estar no teatro é o que mais me realiza profissionalmente.

Você tem projetos para o cinema?

Rodei três longas e estou esperando suas estréias. Fiz Insônia (do gaúcho Beto Sousa), Mulher invisível (de Claudio Torres) e Família vende tudo (de Alain Fresnot). São meus projetos para o futuro. Assim que li os roteiros me apaixonei, e tive a oportunidade de trabalhar com muita gente talentosa.

Muita gente diz que você é chata. Isso é uma pose ou uma proteção contra os chatos que te perseguem?

Nada disso. Isso é uma opinião de quem fez essa pergunta. Se você perguntar para as pessoas que trabalham comigo ninguém vai me achar chata.