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Luto sereno em enterro de Dorival Caymmi

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Danielle Simões*, JB Online

RIO - O enterro do cantor e compositor Dorival Caymmi, no Cemitério São João Batista, na Zona Sul do Rio, aconteceu em sintonia com a personalidade do mestre que se despedia: tranqüilo, suave, cheio de emoção e serenidade. O cortejo reuniu pouco mais de cem pessoas, entre fãs, artistas, e toda a família Caymmi.

O cantor e ex-ministro da Cultura, Giilberto Gil, prestou a última homenagem a Caymmi.

-Ninguém cantará a Bahia tão bem quanto Dorival, que cantou a Bahia na essência. Não há palavras para definí-lo. Ele foi o maior artista da humanidade .

O ator Oton Bastos também acompanhou o enterro e ao falar de Caymmi quase fez poesia:

- Espero que o mar não fique mudo. Se o mar tivesse voz, seria a de Caymmi - disse.

O governador do Rio, Sérgio Cabral filho, disse que Caymmi e´ um dos maiores compositores do mundo.'Do time de Noel Rosa e Ary Barroso'.

- Caymmi optou pelo Rio muito cedo. Eu tinha com ele uma relação de família. O conheço desde os dez anos de idade, mas ele dizia que me conhecia desde o estojo(da barriga da mãe). Muito triste ver ele nos deixar. é uma perda irreparável. Como pessoa pública tenho que aproveitar para divulgar a música brasileira. Eu me lembro de todas as canções dele. Ele colocou a arte à disposição da democracia, era uma figura extraordinária.

Cabral lembrou ainda da influência de Caymmi na divulgação da cultura popular.

-Caymmi é Gil, Caetano, João Gilberto. Foi precurssor da influência do negro, da cultura e da comida - concluiu.

Para o governador da Bahia, Jacques Wagner, Caymmi 'exportou o jeito de ser da Bahia'.

- A Bahia foi musicada por ele. É Caymmi na música e Jorge amado nas Letras. Não há quem não conheça pelo menos dez músicas de Caymmi. Numa época em que existia o preconceito, ele louvou Iemanjá. Sem dúvida um orgulho para a Bahia - disse.

A neta mais velha de Dorival, Stella Caymmi, contou que antes de morrer, o avó não fez nenhum pedido. Só pedia que ela e o produtor musical, Guto, lessem trechos da biografia de Carmem Miranda, do escritor Rui Castro, e poemas de Carlos Heitor Cony.

- Vovô não falava de enterro nem de morte. Só se interessava pela vida.

* Danielle Simões, especial para o JB Online