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Vinny dá ritmo de Ray Charles à 'Heloisa mexe a cadeira' em novo CD

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Leandro Souto Maior, JB Online

RIO - O popstar Vinny, do hit Heloisa mexe a cadeira, deixa seu característico ritmo 'de pista' para lançar o CD e DVD Acústico circular, transportando para um novo ambiente sonoro músicas que marcaram sua carreira, algumas novas, e uma releitura de Metamorfose ambulante, de Raul Seixas.

A gravação aconteceu no Teatro Cacilda Becker, no Rio, em maio de 2007, num ambiente bem intimista. Nesta terça-feira, ele apresenta este novo show no Cinematèque Jam Club, em Botafogo. O roqueiro que produziu sucessos dançantes e agora se auto proclama um romântico na nova fase acústica falou com o JB Online sobre o novo lançamento e projetos futuros.

JB Online: Como surgiu a idéia de fazer este CD/DVD acústico?

Vinny: Eu bolei esse projeto todo sozinho, depois ofereci a idéia para a gravadora, a Performance. Daqui pra frente pretendo fazer meus projetos sempre dessa maneira. É bem melhor, não tem interferência mecadológica nem nenhuma 'achologia'. Resolvi incluir o que iria agradar os fãs, as conhecidas e seis músicas inéditas. O formato acústico ofereceu uma nova possibilidade radiofônica para minhas músicas, que ficaram bem diferentes, menos 'bobocas'. Foi uma surpresa ouvir elas soarem como soaram. Heloisa mexe a cadeira ficou com uma roupagem meio Hit the road Jack, do Ray Charles, Sheik Boom virou um reggae, Na gandaia ficou um pouco Eric Clapton. Tudo isso já estava pronto na minha cabeça antes de começar a gravar.

JB Online: Você considera que Heloisa mexe a cadeira é o seu Satisfaction, isto é, aquela música que os fãs não deixam você não tocar em um show?

Vinny: Acho que está mais para a minha 'Conceição' (risos)...

JB Online: Quando o Lobão lançou seu acústico, ele disse que as músicas não perderam o peso, apesar do formato...

Vinny: Exatamente. Não é banquinho e violão, definitivamente. O único momento assim é um blues, que eu toco sozinho. Mas o resto tem banda, três violões e bateria. Fiz questão que os arranjos soassem como se fosse uma guitarra, e isso ficou bastante evidente. É o disco mais cru que já fiz.

JB Online: Por que escolheu regravar Metamorfose ambulante?

Vinny: Tenho uma relação afetiva com ela. Talvez seja a música que mais toquei na minha inteira. Na noite, sempre levantava um bebúm que pedia o clássico 'toca Rauuuuul'.

JB Online: Por que você andou longe dos palcos cariocas?

Vinny: Faz muito tempo mesmo que não toco no Rio. Acho que é porque não estava com nenhum lançamento. A gente tem que lançar o disco no Rio e em São Paulo, mas show mesmo rola pelo resto do Brasil. O artista nao ganha grana no Rio e São Paulo. Só promove o disco e depois sai com o show na estrada, o que na verdade não me atrai muito. Não gosto do dia-a-dia das turnês. Gosto mesmo é de gravar, fazer os projetos, estar em estúdio.

JB Online: Como é o programa de música na internet que você está comandando?

Vinny: É no site wtn.com.br, um canal com vários conteúdos, e o de música fica por minha conta. São mais de cinco mil cliques por dia! É um espaço que tenho muito orgulho de fazer, recebendo ídolos como Lô Borges ou Dado Villa-Lobos. Também faço questão de levar as bandas novas, que chegam lá e são tratados como Beatles por mim e pela produção. Faço questão de dar essa estrutura para a rapaziada. Eu venho de uma geração que foi muito maltratada, com certo desdém.

JB Online: Como você vê essas novas possibilidades para a música via internet?

Vinny: O caminho da comunicação não é a TV, é o computador. Não sei viver sem ele. Ligo o computador e assisto o que eu quero, na hora que eu quero. É a democracia. E ao mesmo tempo que acontece esse movimento, que a internet está se abrindo cada vez mais, as rádios vão se fechando. Não tem como tocar em rádio hoje em dia.

JB Online: E o que você acha de baixar músicas pela internet?

Vinny: É parte do jogo, e que bom que é dessa forma. Isso faz você atingir muito mais pessoas. O que o Radiohead fez foi muito legal. Disponibiliza lá e recupera na hora do show. Acho que vai ser mesmo o formato do futuro, não adianta correr. Os meus discos estão todos disponibilizados no meu site, vinny.com.br. O CD ou o DVD material só vai existir como um presente que você quer dar para alguém, ou então para o cara que é muito ávido por música.

JB Online: Como vai ser o show de lançamento nem Botafogo?

Vinny: Vai ser eu no violão, voz e gaita, e banda com mais três violões, baixo e bateria. Não vão ter participações especiais. Já fiz projeto com participações de mais de 7 pessoas, mas já virou lugar comum. Dessa vez não vai ter ninguém. Tomara que tenha a participação do público! Além do conteúdo do DVD, pode ter uma surpresa ou outra, como alguma canção do Bob Marley, já que eu fiz o projeto Power Bob, com versões mixadas dos sucessos dele.

JB Online: E depois desse projeto acústico, você já imagina o que virá pela frente na sua carreira?

Vinny: Eu acho que meu próximo disco deve sair só em 2010. Acho que será um tempo bom e suficiente para aparecer e depois sumir. Acho que a vida do artista é assim: o cara tem que voltar à mídia por algum motivo. Tem que lançar o disco e quando acabar o circuito, vai passear com o filho, curtir a família. Ainda não sei qual será meu próximo projeto, mas aceito sugestões. Tenho vontade de fazer uma homenagem a algum artista ou alguma época.