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Guilherme Fontes diz que apresenta

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Marcelo Migliaccio, Agência JB

RIO - O ator e diretor Guilherme Fontes disse ontem que vai apresentar ao público o longa-metragem "Chatô, o rei do Brasil até o final do ano. Depois de 11 anos e muitos percalços, ele afirma que pretende concluir os efeitos especiais, a sonorização e o arremate de laboratório com seus próprios recursos. Paralelamente, Fontes quer resolver todas as pendências judiciais em torno do filme.

Ironicamente, o diretor que decidiu contar a história de Assis Chateaubriand (1892-1968), um dos maiores barões da mídia brasileira em todos os tempos, viu-se envolvido num turbilhão de acusações de malversação das verbas obtidas para o filme. Repercutidas na mídia, as denúncias impediram as parcerias que lhe permitiriam concluir o longa. Para se ter uma idéia, segundo ele, 70% do orçamento foram captados nos primeiros três anos, mas, para obter os 30% restantes, lá se vão outros oito.

Existe uma espécie de cartel no cinema brasileiro. Como não faço parte da panela, armaram algumas armadilhas para mim em cima da burocracia afirma. Eu me recusei a dar propina a fiscal, por exemplo. Minha dificuldade de estreante se juntou com os conhecidos percalços para fazer cinema no Brasil.

Fontes diz que está terminando o filme com recursos do próprio bolso e que tenta liberar mais R$ 1 milhão da produção que estariam retidos pela Petrobras Distribuidora e pela Riofilme.

Espero resolver todos os processos até o fim de julho e finalizar o que falta diz o diretor. Ninguém quer colar o nome ao meu depois disso tudo. Falar mal de mim virou um esporte espetacular.

Diretor comercial da Riofilme, Antônio Urano disse que existe uma verba de R$ 400 mil, mas para a empresa distribuir a produção e não para a finalização.

Somos co-produtores e distribuidores, mas ele não cumpriu o prazo acordado de entregar o filme pronto em novembro de 2004 diz Urano. Já demos R$ 1 milhão na finalização e não pretendemos colocar mais dinheiro.

A assessoria da Petrobras Distribuidora diz que Fontes não honrou sua parte no contrato, mas não confirmou o montante de R$ 600 mil que estariam bloqueados.

"Chatô, o rei do Brasil", que tem Marco Ricca, Letícia Sabatella e Paulo Betti no elenco, entre outros, só estreará com todas as pendengas legais encerradas.

O filme deve ficar com 115 minutos, que é um tempo até bom para um épico.

Junto com o longa, ele pretende lançar a sitcom O caudilho e o jagunço, ambientado numa redação de jornal dos anos 30, da qual participam alguns atores do filme principal. A divisão do projeto Chatô em subprodutos foi, na opinião de Fontes, um de seus maiores acertos. Além do longa e da sitcom, ele fez os sete episódios do documentário "Dossiê Chatô", outros cinco de "Cinco dias que abalaram o Brasil", sobre Getúlio Vargas, e mais 12 da série "500 anos de história do Brasil", todos exibidos pelo canal GNT, da Globosat.

Escolhi um caminho novo que se mostrou saudável para alavancar a produção principal acredita. Muita gente seguiu essa linha.

Casado e pai de uma filha de 2 anos, Fontes afirma que as acusações de mau uso de dinheiro trouxeram mais problemas para seus familiares do que para ele.

A questão da família é séria desabafa. Minha mãe perdeu o único apartamento que tinha por causa das dívidas. Não sofri sozinho, mas estamos provando com calma que tudo era mentira ou coisas forjadas em cima de hipóteses.

Para ele, o momento mistura angústia e ansiedade para ver "Chatô..." nas telas.

Falaram até que fraudei, mas fraude foi o que fizeram comigo e com a opinião pública. Quem não fez nada de errado não tem medo do Tribunal de Contas da União (TCU), que, por sinal, me absolveu, assim como a comissão da UnB (Universidade de Brasília), que o Ministério da Cultura contratou para auditar as filmagens.

O que vai lavar a minha honra é o filme. Tem sido difícil, mas a luta continua e todos logo vão se divertir com "Chatô, o rei do Brasil".