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Exposição sobre Da Vinci em Tóquio é aberta em meio a polêmica

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Agência EFE

TÓQUIO - A exposição 'A mente de Leonardo' foi inaugurada hoje em Tóquio com todos os olhos voltados para o quadro "A Anunciação', de Da Vinci, que viajou da Itália ao Japão em meio a uma polêmica e despertando um grande entusiasmo.

"A Anunciação', a primeira obra pintada por Leonardo da Vinci de maneira independente, está exatamente no mesmo lugar ocupado há 33 anos pela obra mais conhecida do gênio italiano, 'A Gioconda'.

O empréstimo da 'Mona Lisa', que atraiu 1,5 milhão de pessoas, foi o momento mais importante do Museu Nacional de Tóquio, que tenta repetir o sucesso com a chegada de 'A Anunciação'.

A encarregada de Relações Públicas do museu, Maki Kobayashi, disse hoje à agência Efe que 'A mente de Leonardo', da qual faz parte 'A Anunciação', é a exposição mais forte do ano, um dos eventos mais importantes do evento Primavera Italiana, celebrada desde segunda-feira em todo o Japão.

Hoje foi o primeiro dia de visitação pública e na primeira hora mais de 600 pessoas faziam fila para admirar a obra de Leonardo, cuja chegada foi amplamente divulgada pela imprensa japonesa.

Segundo Kobayashi, quando uma exposição especial é feita, o fluxo diário de público é de 3 mil pessoas, porém, foi calculado, baseando-se na movimentação da manhã, que entre 7 e 8 mil pessoas visitariam o museu à tarde.

A organização dedicou uma sala exclusiva para o quadro, iluminado de maneira extremamente tênue. Um circuito com alturas diferentes foi instalado para que mais pessoas possam admirar o quadro ao mesmo tempo.

As medidas de segurança, sem serem extremas, são muito intensas, levando em conta o padrão habitual no Japão. O quadro foi assegurado em ¬ 100 milhões, cujo custo, somado ao de toda a exposição, foi pago por um grupo de três empresas japonesas.

Antes de entrar na sala, o público deve atravessar um cordão policial com um detector de metais, equipamento nunca antes utilizado no museu.

Vários policiais vigiam a sala, que conta com um sistema de umidificação e de controle da temperatura para manter o quadro em perfeitas condições.

Apesar das medidas de segurança e manutenção do quadro, a chegada de 'A Anunciação' ao Japão foi precedida de certa polêmica, com grupos artísticos italianos contra sua saída do país.

O senador italiano Paolo Amato do Forza Italia, partido do ex-primeiro-ministro conservador Silvio Berlusconi, chegou a se acorrentar a uma das colunas da Galleria degli Uffizi, onde habitualmente a obra é exibida, para protestar contra a mudança.

Kobayashi disse compreender a polêmica na Itália em razão da viagem do quadro e afirmou é 'simpática' ao apreço que a obra possui.

Graças à viagem do quadro, um idoso com um sorriso permanente chamado Noichi Kouno completava hoje dois dias de estudo da obra de Leonardo com a contemplação de 'A Anunciação' ao vivo.

Kouno visitou Florença há dez anos e olhou o quadro, mas não o entendeu, disse à Efe. No entanto, na ocasião viu 'um programa especial' de uma rede de televisão japonesa e completou o estudo comprando um DVD explicativo da obra de Leonardo para poder "aproveitar a observação do quadro'.

Kouno contemplou a obra pintada cinco séculos atrás por Leonardo até ser empurrado pelos que vinham o seguiam com um entusiasmo que faltava à adolescente Akiko Kato, para a qual a obra do gênio italiano não pareceu nada fora do normal.

Kato gostou mais do resto da exposição, dividida em várias seções com algumas das obras mais famosas de Leonardo e apresentando conceitos das múltiplas áreas exploradas pelo humanista italiano, como a óptica, a anatomia e a mecânica.