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Enquanto protegem o mercado financeiro, povo quebra junto com o país

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Já estamos cansados de saber que não é do interesse da classe econômica hegemônica brasileira pensar em possibilidades de garantias de dignidade do povo mais empobrecido. Agora pensar em fazer acordos políticos correspondentes a não virulação de informações que levem os corruptos a pagarem por seus erros é um desrespeito. 

Muito se ouve nessa semana sobre a delação de Palocci na operação Lava Jato da Policia Federal. Vista por muitos como a salvação do país, a operação vai perdendo seu prestigio. Não acredito que o encarceramento dos políticos e empresários seja a solução para pôr fim à corrupção sistêmica que vivemos. Acredito que só um resgate ético e humanitário poderia dar respostas positivas para essa crise. 

Entretanto, é possível que exista uma espécie de acordo para livrar a cara dos grandes bancos e seus respectivos executivos. O acordo prevê benefícios para que o mercado financeiro seja resguardado. Ou seja, estão especulando em poupar os mais ricos em detrimento da transparência e da justiça. 

Enquanto as grandes cabeças pensantes do país se preocupam em proteger seus pares, o povo continua pagando o preço da crise. 

Vejamos:

Temos um presidente que não sabe como foi parar na presidência da República, cogitando ter sido escolhido por Deus, que tenta a qualquer custo aprovar seus pacotes de maldades para piorar a vida do trabalhador.

Nosso parlamento, salvo poucas exceções, tem sério nível de comprometimento com a corrupção sistêmica apontada pela Lava Jato.

Estamos imersos em uma crise financeira que impacta na mesa das nossas famílias. Sim o aumento da compra dos gêneros básicos de alimentação está insuportável e o pobre está reduzindo suas compras do mês.

A violência em nossas favelas aumenta cada dia mais. A perseguição ao povo preto e pobre nunca foi tão acentuada. Haja vista o numero absurdo do genocídio do povo negro no Brasil. O número de homicídios contra brancos caiu de 20,6 para 15,5 vítimas para cada 100.000 habitantes – queda de 24,8%. Entre os negros, o índice aumentou 5,6%, de 34,1 para 36 mortos para cada 100.000 brasileiros. Entre os jovens com idade de 15 a 29 anos, a situação piora. O total de jovens negros mortos é de 71,7% maior que o de jovens brancos.

O superencarceiramento no país é retrato da ineficiência do judiciário. Dos 711 mil detentos, cerca de 291 mil são provisórios.

Há quem quer defender os bancos e os privilegiados do sistema financeiro. Nós da favela temos como meta lutar pela sobrevivência daqueles que morrem com bala achada, dos esquecidos no presídio, dos que passam fome em pleno século XXI, dos que não têm onde dormir, dos que são vitimas do preconceito racial. 

* Walmyr Junior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.