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Uma reflexão sobre a violência e a crescente vulnerabilidade social

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Conversava dia destes com uma amiga e na conversa ela me falava de sua origem e de como as políticas sociais foram importantes para que ela pudesse chegar até o seu mestrado e ter uma possibilidade real de mobilidade social, além, é claro, da capacidade de atualmente poder contribuir com a sociedade na produção de soluções coletivas à partir da produção científica, bem como, através de seu trabalho.

Fiquei pensando muito sobre tudo o que falamos e no aumento do número de pessoas que cada vez menos veem uma real condição de se inserirem em um contexto que lhes dê, à exemplo de minha amiga, mobilidade e possibilidade de sonhar um futuro melhor é poder retornar à comunidade sua contribuição como profissional e cidadãos e cidadãs.

Ao observar a crescente população pedinte em alguns bairros do Rio de Janeiro, pelo menos nos que eu círculo, e amigos e amigas próximas vem relatando a mesma experiência e sensação de cada vez surfem mais pessoas pedindo e em sua maioria, crianças e mulheres, sentimos que algo está acontecendo e de muito grave.

Não podemos prescindir de direitos básicos e fundamentais. Não podemos nos omitir diante de um cenário cada vez mais sombrio, que vulnerabiliza ainda mais mulheres e crianças pobres e negras, em um movimento de pressão descendente e que intensifica o quadro de violência estatal contra os mais e as fragilizados e fragilizadas.

A conclusão a que chegamos é a de que nossos governantes não aprenderam com Acari, com Vigário Geral, com a Candelária, não aprenderam com o 174, com a Chacina do Borel e isso é visível e notório quando vemos o que vem se produzindo no Complexo do Alemão, com o discurso insuficiente de guerra "às drogas".

Lembro de quando li a biografia de Gandhi e de uma reflexão que fui procurar e que penso caber nesse momento inquietante em que vivemos. Que reflitamos em suas sábias palavras. 

"Eu sou contra a violência porque parece fazer bem, mas o bem só é temporário; o mal que faz é que é permanente."

* Colunista, Consultora na ONG Asplande e Membro da Rede de Instituições do Borel