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Futuro prefeito precisa estar disposto a travar diálogo horizontal com as favelas

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A luta das e nas favelas, além de histórica, é contínua. Neste último sábado, dois eventos importantes aconteceram na favela de Manguinhos. O primeiro, que durou todo o dia, foi uma série de discussões organizadas pelo Fórum Social de Manguinhos e parceiros, movimento social criado pelos próprios moradores e moradoras sobre o papel das pesquisas acadêmicas e sua aplicação na transformação ou na contribuição para a melhoria na e da vida e do cotidiano das favelas.

O questionamento é importante para que haja de fato uma apropriação por parte destes moradores e moradoras, dos resultados das pesquisas realizadas e que estas pesquisas sirvam de instrumento para a reivindicação de ações e políticas públicas que sejam de fato eficazes.

Isso é o pleno exercício do controle social, que mais do que um simples e necessário exercício de cidadania, é pautado pela necessidade real de enfrentamento das favelas, diante das inúmeras violações de direitos a que são submetidas desde a sua existência.

Na sequência, uma visita de defensoras públicas do Estado, que receberam dos moradores de Manguinhos um relatório realizado em parceria com pesquisadores e pesquisadoras do Laboratório Territorial de Manguinhos/Fiocruz, para ver a real situação relatada no documento.

A situação dos moradores é de extrema vulnerabilidade, pois muitos moram em uma rua onde praticamente todas as casas estão em risco. Rachaduras, marcas das enchentes que se seguem, pouca ou quase nenhuma ventilação e acessibilidade e mobilidade comprometidas.

Assim como já mencionei, mais do que controle social e exercício de cidadania, ações como as relatadas são quase que a rotina habitual de quem vive em áreas vulnerabilizadas, como resultado de anos de políticas públicas descontinuadas e precárias, marca da relação do estado com as favelas do Rio de Janeiro.

Dessa forma, ao se aproximar a data da decisão do destino do Executivo municipal, aumentam nas favelas as discussões sobre a necessidade de que quem quer que seja o gestor, ele precisará estar disposto a travar um diálogo horizontal e atento ao que a favela do século XXI, feminina e jovem, tem a dizer, e entender que seus moradores e moradoras, querem mais do que uma boa retórica.

*Consultora na Ong Asplande, Colunista e Membro da Rede de Instituições do Borel