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O julgamento da democracia brasileira

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O direito à democracia, conquista do povo brasileiro ao voto democrático que ficou negado durante 20 anos no Brasil – período da ditadura militar, mais uma vez, está sendo ameaçado. Está em curso o julgamento que definirá o mandato da presidente afastada Dilma Rousseff, eleita em 2014, com mais de 54 milhões de votos. Oitenta e um senadores decidirão sobre o futuro da democracia no Brasil. 

Os 54 milhões de votos do povo brasileiro serão substituídos por 81 votos dos senadores que irão decidir se o Brasil é ou não um país democrático, em um processo de impeachment que já foi condenado por diversas instituições que afirmam que não houve crimes que justifiquem o impedimento da presidente eleita. Um processo de base questionável que já deixou claro que tem como objetivo tirar uma presidente, democraticamente eleita, para proteger caciques da política, velhos políticos corruptos que há muitos anos roubam o país e correm o risco de serem presos por envolvimento em corrupção. 

Não haverá segurança de democracia se o impeachment for aprovado, pois do que adianta 54 milhões de votos que podem ser tocados por chantagens do parlamento na busca de defender políticos envolvidos em corrupção. Estamos diante de um golpe sim, sem armas, mas que ficará gravado na história deste país. 

Hoje, está em curso o julgamento não da presidente eleita, mas sim da democracia e das conquistas sociais obtidas nos últimos anos. Não acredito que o povo foi às ruas pedir o fim da corrupção e aceitará um governo que em seus primeiros dias nomeou diversos ministros acusados pela operação Lava-Jato. A pesquisa Vox Populi revelou a indignação do brasileiro. Segundo a pesquisa, 79% dos participantes defendem a saída do presidente interino Michel Temer do cargo.

Cada indivíduo tem que assumir a responsabilidade de suas escolhas. Então, registrem os votos de hoje para que no futuro a história denuncie todos envolvidos em mais um golpe no Brasil. E cada senador terá o direito de escolher como será lembrado. 

Enquanto isso, a novela do processo contra o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha já se arrasta por mais de 10 meses, e ainda não tem o final revelado. 

* Davison Coutinho, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestre em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade