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Quando chegam as obras, é sinal de que estão chegando as eleições 

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Ano de eleição municipal e a situação se repete em várias cidades do Brasil: de olho nas urnas, nossos queridos políticos lançam ou apressam obras para possíveis mudanças na vida do cidadão. O problema é que o famoso oba-oba com o dinheiro público começou. Se aproximando da corrida eleitoral, foram retomadas algumas obras importantes para a favela Marcílio Dias, no complexo da Maré. As obras são bem-vindas, mas suas intenções, não. 

Há muitos anos reivindicamos a pavimentação da Avenida Lobo Junior e a criação de uma calçada ou ciclovia colada ao muro do Ambulatório Naval. Além disso, era uma antiga pauta da comunidade a instalação de uma academia da 3ª idade, ao lado da área poliesportiva da favela. Porém, só nessa ultima semana fomos atendidos com as obras. Ainda bem que fomos né?!

Porém, a prática de concentrar a execução e inaugurações de obras em anos eleitorais é recorrente e muito ruim para a gestão pública e para a população. Os políticos, do executivo e legislativo, deixam seu pacote de investimentos para o ano eleitoral, exatamente para aumentar a sua popularidade e ter condições de se reeleger ou de fazer o seu próprio sucessor.

A obra de construção da calçada na Avenida Lobo Junior estava paradas há mais de 10 anos e iniciada em ritmo “frenético” há poucas semanas das eleições. Configura para muitos como jogo eleitoral dos ambiciosos vereadores e candidatos que usam a favela como curral de votos comprados.

Para a surpresa desses, estamos aqui na favela muito felizes com a retomada das obras e pela construção da academia da 3ª idade. Porém, no cotidiano da favela, nós moradores já sabemos ‘o porquê’ dessas obras. Deixemos que eles pensem que nos enganam e pensemos nós, que esse período é momento de aproveitar os poucos benefícios que chegam.

* Walmyr Júnior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.