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A crise e seus resultados na violência

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Em uma semana, quantas vidas perdidas. A violência agora deixa de ser exclusivamente na favela e passa a fazer vítimas no asfalto. Morre policial, morre bandido, morre criança, morre trabalhador. Quanta tristeza, a despedida de uma médica, jovem, trabalhadora que perde sua vida em uma tentativa de assalto na Linha Vermelha ao voltar do trabalho. Dois policiais, também foram assassinados, um em Cordovil e outro na Pavuna, ambos na Zona Norte da cidade.  Outra jovem também perdeu a vida em uma perseguição policial na Rodovia Washington Luiz.

Em uma cidade que vive as consequências de uma crise, originada por uma política corrompida e com interesses exclusivamente financeiro e de poder, nós cidadãos pagamos não só com impostos, mas com vidas. Vidas tiradas, vítimas da violência que cresce a cada dia, enquanto a preocupação central do governo municipal e estadual é tenta fazer a boa imagem de cidade olímpica.

Essa violência não é novidade na favela. Assim, como a calamidade pública faz parte desde a origem da favela, a violência também acompanha nossa história. E essa violência já se comprovou com as UPPs que não é questão de polícia, mas sim de política pública, sobretudo na área social. Quantos moradores já foram e continuam sendo vítimas dessa guerra?

Infelizmente, com esse cenário atual político, se nada for feito a violência vai aumentar, e esse é um resultado do governo que afundou a cidade nesta crise. São milhares de desempregados, são milhares de jovens fora da escola, são milhares de trabalhadores com salários atrasados, são milhares de doentes sem hospitais, são milhares de moradores de favelas abandonadas pelo poder público. Tudo isso é também uma violência contra os direitos dos cidadãos e infelizmente todos esses aspectos refletem na violência.  

Enquanto tudo isso não mudar, a violência vai continuar a fazer vítimas. Peço paz e luz a todas essas vítimas e que Deus possa dar o conforto aos seus familiares. 

* Davison Coutinho, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestre em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade.