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Um habeas corpus que tira nossa esperança 

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Pais, parentes e amigos sentiram o peso da mão do Estado após verem noticiados pelos veículos de comunicação que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus para os quatro PMs, presos preventivamente,  que foram responsáveis pela chacina de Costa Barros. 

O grupo de jovens estavam vindo do Parque de Madureira no dia 28 de novembro de 2014, comemorando o pagamento do salário de um deles, que conseguira o primeiro emprego.  A documentação do carro estava em dia e o motorista era habilitado, não existiam motivos para temer qualquer situação. Porém já conhecemos o infeliz final dessa história.

Essa notícia mostra não só a ineficiência do Estado, como mostra qual é o valor da vida de cinco jovens negros e favelados. Jovens que tiveram arrancados o seu direito de viver, de se divertir e de ir e vir na cidade. Jovens que não puderam ter seus sonhos e utopias, que não viram seu futuro, pois o mesmo foi extirpado pela ação da polícia militar. 

As zonas periféricas da cidade vivem um intenso terror e medo. O despreparo de uma parcela significativa das forças armadas e das forças auxiliares (no caso a PM) é o retrato do abandono da segurança pública pelas autoridades do Estado do Rio de Janeiro. 

Ver essa ação judicial é de partir o coração. Empurra nossas esperanças para baixo do tapete, brincam com os sentimentos alheios, nos levam a desacreditar na possibilidade de viver em paz. 

A criminalização da pobreza atrelada ao racismo institucional deixam todos perplexos. Vivemos em dias que a vida de uns valem mais do que a de outros. A dignidade da pessoa humana não é garantida e a violação dos direitos humanos é constante.

Quanto aos jovens Wilton Esteves Domingos Júnior, de 20 anos; Carlos Eduardo Silva de Souza, de 16 anos; Wesley Castro Rodrigues, de 25 anos; Roberto Silva de Souza, de 16 anos, e Cleiton Corrêa de Souza, 18 anos;deixam em nossas memórias o sentimento de impunidade e  desejo de viver de uma juventude brutalmente interrompida. 

Chega de violência e extermínio de jovens. 

* Walmyr Júnior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, éprofessor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.