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Na luta contra a intolerância religiosa

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Segundo o artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, “todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”.

A luta se projeta num cenário nacional em que todas as religiões diferentes do cristianismo, são perseguidas, demonizadas e personificadas como “o mal”. Por conseguinte, “o mal” deve sempre ser exterminado, expurgado. Não é preciso fazer muito esforço na internet para encontrarmos casos e mais casos de violência, depredação e destruição de espaços afrocentrados e de outras denominações. Uma adolescente que leva pedrada por estar vestida de branco; um terreiro que é destruído com pichações com palavras que demarcam toda a violência simbólica que esses grupos marginalizados sofrem.

De acordo com dados divulgados pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, da presidência da República, apenas em 2014 foram registradas mais de 20 denúncias de ofensas à religião no Rio de Janeiro, sendo o 2º estado com maior número de violações. Não é preciso se esforçar muito, para ver vídeos, imagens ou textos de líderes religiosos incitando o fechamento e a erradicação do centros e terreiros de religiões de matrizes africanas. 

Tais ataques não podem ser dissociados da perspectiva racista que carregam. Afinal, dados do Disque 100 do governo federal em 2014 destacam que a maioria dos ataques sofridos foram por negros e negras. Tem uma relação direta com a ideia primitiva e de ojeriza a todo processo cultural e sociológico vindo da África. 

A luta se faz enquanto ato político que reivindica o direito de ir e vir de todo cidadão, livre de opressões e de agressões, de permanecer com sua crença, de ter sua vontade respeitada. Que possamos nos unir pelo bem comum para que juntos e juntas gritar: Não a Intolerância e SIM a liberdade religiosa!

* Walmyr Júnior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor e representante do Coletivo Enegrecer como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.