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Crianças vítimas de balas perdidas no Rio: direito à vida ameaçado

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As últimas notícias sobre as nossas já tão difíceis tragédias cotidianas nos deixam ainda mais abalados quando percebemos a gravidade do assunto. Falo, ou melhor, escrevo sobre as recentes vítimas das balas perdidas no Rio de Janeiro e do fato de elas serem crianças. Há algum tempo venho falando sobre nossa infância por aqui.

Não podemos permitir ou simplesmente silenciar diante de tal violência. Na divisão social da cidade, na banalização da vida humana, ou melhor, de determinadas vidas humanas, sendo que os fatos nos mostram sem a menor cerimônia, que algumas tendem a ter mais valor do que outras.

Quem não lembra da quase perenidade de assuntos relacionados ao caso do apresentador que chegou às lágrimas lendo um texto de despedida à pequena morta em condições ainda intrigantes pelo pai e a madrasta?

Muito alarde, dez em cada dez noticiários jorravam à exaustão novas notícias ou as mesmas sobre o caso, só para exemplificar. Sinto um aperto tremendo em perceber que uma geração pode não acontecer e cumprir a triste profecia dita pelos lábios do secretário de Segurança do estado do Rio de Janeiro, de que uma geração possivelmente ainda se perderia na guerra contra o crime, às drogas, e isso nos atemoriza por demais.

É preciso apurar com rigor o que aconteceu, mas isso não é o bastante, sabemos disso. Duas crianças que viviam em endereços de segunda classe, cidadãos de segunda classe, no escalonamento hediondo e hipócrita, mas bem real de nossa sociedade. Duas crianças com direito à vida, mas isso também parece cada vez mais ameaçado.

Uma lástima. Ficamos mais pobres, diminuímos um pouco mais. Mas o que mais me atemoriza e causa uma grande apreensão é saber que nesta sociedade entorpecida  e empobrecida em sua humanidade isso não faz a menor importância. 

"A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!"


*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@ MncaSFrancisco)