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Quilombo e periferias: As favelas e o Dia da Consciência Negra 

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Não é novidade que a maioria dos moradores de favelas são negros. Uma pesquisa publicada nolivro ‘”Um Pais Chamado Favela” (Athaide e Meireles, 2014) revela que 72% dos moradores se declararam negros. Tal acontecimento se dá pela formação e origem das favelas - a suposta libertação dos escravose falta de condições para que pudessem de fato ter uma vida livre e terras para moradia. 

Embora se reconheça que houve uma melhoria nas condições de habitação no Brasil, a pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça (2012), divulgada pelo Ipea, aponta que ainda é perceptível a diferença entre negros e brancos, especialmente no que diz respeito aos domicílios localizados em favelas.

Para Nascimento, “a diferença entre o quilombo e a favela, é que o quilombo servia de abrigo ao não-aprisionamento dos negros livres e fugitivos, já as favelas, ao longo do século XX, se tornaram a resistência de permanência nos locais escolhidos para moradia”. Segundo o autor, o quilombo e a favela foram defendidos como territórios que se funda numa relação de força. 

O Dia da Consciência Negra é também conhecido como Dia do Zumbi, tendo em vista que foi escolhida por coincide com a datado assassinato de Zumbi do Palmares em 20 de novembro de 1965, um dos últimos lideres do Quilombo dos Palmares. O líder foi morto após liderar um ato de resistência, onde sofreu uma emboscada. 

Segundo o Mapa da Violência (2012) do total de 56.337 homicídios ocorridos no Brasil em 2012, 57,6% tiveram com vítimas jovens com idade entre 15 a 29 anos. Destes, 93,3% eram homens e 77%, negros.

A data serve como uma marca de memória para que seja lembrada a violência e o preconceito contra os negros. A memória tem o papel de narrar acontecimentos e fatos que não podem ser esquecidos para que de fato não repitam na nossa história (Halbwachs, 2006).

Infelizmente, temos que reconhecer que são milhares os jovens negros e moradores de favelas que são assassinados todos os anos, uma realidade que para a Anistia Internacional deve deixar de ser invisível. O dia 20 de novembro é resultado da luta pela visibilidade do problema que é muitas vezes negado, como se não existisse e que deve ser prioridade nas pautas e na educação.

* Davison Coutinho, 24 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade.