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Viva o Brasil sem fome!

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Não sei por que vivo com essa sensação de que muita gente, mas muita gente mesmo, quer que sempre carreguemos um peso, uma marca de sermos sempre, sempre deficientes em tudo.

Carregamos durante séculos o peso de milhares de famintos, reportados pelo médico e pensador da geografia Josué de Castro em sua Geopolítica da Fome e a  Geografia da fome no Brasil, mostrando que não era a quantidade de alimentos ou o excedente populacional o maior problema, mas a distribuição da riqueza, concentrada na mão de poucos, ou seja a desigualdade como real redutor das possibilidades de alcançar o mínimo para subsistência humana.

Josué de Castro expôs nossa mazela, uma das mais vis, ainda mais em se tratando de um país maravilhoso e diverso na produção de alimentos, com frutas maravilhosas e uma cultura alimentar super interessante e de dar inveja a muito cozinheiro(chef)inglês por aí. Mas isso fica para depois.

O fato é que Josué de Castro nos fez "descobrir" a grande "doença" da fome da qual nossa pátria padecia, mas Betinho, o da "fome" como os mais humildes o chamavam e alguns ainda o lembram assim. Então, sociólogo, hemofílico, militante, apaixonado pelo povo brasileiro, pela sua gente, nos fez em meio às suas vicissitudes pessoais, abraçar o compromisso de dar de comer a quem tem fome.

Betinho turbinou o pensamento e as análises de Josué de Castro com ação, a sua Ação da Cidadania contra a Miséria e a Fome, apoiado pela sociedade e que anos depois se tornou política pública e recebemos nestas últimas semanas a grande notícia e vendo o mapa da fome  sem o Brasil figurar nele me deu uma vontade de chorar e celebrar ao mesmo tempo.

Celebrar nossa conquista, celebrar porque meus irmãos no Brasil tem o que comer, mas ainda batalhar para que nossos irmãos no globo também estejam na mesma condição. Ainda temos muitas "doenças" e mazelas à vencer, mas vamos festejar, celebrar Betinho, Josué de Castro e o futuro. Não vamos cair na armadilha de achar que não somos nada e não podemos nada.

Já vimos que é possível, e certamente veremos nossa saúde, nossa educação em melhor situação. Celebremos sem parar a luta. Temos que mudar muitos mapas ainda e o da violência é um que temos de nos dedicar com toda a força para tirar das estatísticas vergonhosas um contingente monocromático e morador de áreas pobres das nossas grandes capitais.

 Viva Josué de Castro, que nos descortinou sem pudores a cara faminta do Brasil. viva Betinho nosso Dom Quixote. E por fim, com licença do maiúsculo aqui minha gente, Viva o Brasil sem fome!

"A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!"

*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@MncaSFrancisco)