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Luta anti-racismo

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Fiquei assim pensando no que escrever para esta coluna de um dia tão especial quanto o domingo. Tão ansiado, descanso merecido e que pede no mínimo uma boa leitura em uma manhã ou tarde preguiçosa. Queremos sempre escrever o melhor, falar de coisas boas e interessantes, não estressar ninguém, talvez até fazer dar umas boas risadas, quem sabe.

Mas ao fazer uma análise das notícias lidas compartilhadas agente fica se perguntando que sociedade é essa. A tal menina que junto com outros racistas que estavam torcendo pelo Grêmio, e que na ocasião chamou o goleiro Aranha de macaco foi contratada por uma ONG do Rio de Janeiro.

O goleiro Aranha, por sua vez hostilizado pela torcida e questionado por setores da sociedade por se manter firme em sua legítima  luta  anti-racismo. O que faz com que o racismo brasileiro fique mais evidenciado, mais latente. E de certa forma é até positivo, pois nos empurra ao debate e se não acabou, continuaremos com este assunto em pauta, as prioridades cada vez mais vão em direção ao capital, à propriedade e cada vez menos ao humano.

A expulsão de famílias de um prédio no centro de São Paulo mereceu considerações do tipo," o trânsito está complicado", " as pessoas estão tendo dificuldade de chegar em casa" e a volta dos "vândalos". Quanto às 200 famílias, estas, saíam como prisioneiros do Estado Islâmico, em fila indiana e de cabeça baixa, para serem lançados há própria sorte, como se o Estado Brasileiro e a municipalidade não tivessem nenhuma obrigação com aquelas pessoas, ou não pessoas.

Sim, porque toda pessoa  tem direito a um mínimo de dignidade, agora temos que saber quem pode ser classificado como tal. Em uma entrevista à Globo News,  os arquitetos e urbanistas Cândido Malta e Valter Caldana, também diretor da faculdade de urbanismo da Universidade Mackenzie, ressaltaram a necessidade de que toda a sociedade se una em torno do tema, mesmo aqueles que tem sua habitação.

Esta é a questão, o problema é de todos, o racismo nos diz respeito à todos nós , a questão da habitação e das tensões nas grandes cidades também nos dizem respeito como sociedade. O grande problema é tentarmos viver como se estas questões não fossem de alguma forma nos tocar, chegar perto.

A dor da jovem mãe que passou mais de três dias aguardando para ter seu bebê e sendo enviada de um lado para outro como uma Maria buscando um lugar para ter seu filho, mas sem a mesma sorte da família em questão.

Temos de nos analisar profundamente, pois não consigo entender a frieza que se cristaliza nas relações em sociedade com nuances cada vez mais cruéis, mais bárbaras. Não se chega nem ao hospital para morrer, morre-se na porta, ou peregrinando, implorando por um atendimento. Algo está muito errado, muito errado.

Mas, já que é domingo e início de uma nova semana, pelo menos lembrar do momento hilário desta semana com a entrevista do candidato ao governo do estado Anthony Garotinho, lembrando a ironia de Brizola em sua eterna briga com as organizações Globo. Foi hilário e viralizou na internet e garantiu umas boas risadas em uma semana quente.

"A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!"

*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@MncaSFrancisco)