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Crescimento das milícias mostra a fragilidade do projeto de pacificação

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A escalada ascendente das milícias no Rio de Janeiro, noticiada pela Folha de S. Paulo na segunda-feira, é objeto do livro "No Sapatinho": a evolução das milícias no Rio de Janeiro (2008-2011)”, realizado pelo Laboratório de Análise da Violência (LAV) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) com apoio da Fundação Heinrich Böll, lançado em 2012.  

Segundo os pesquisadores da Uerj, sob a coordenação do pesquisador Ignácio Cano, a situação é delicada e certamente requer das autoridades ação no mínimo efetiva e de muita inteligência, para driblar a capacidade de rearticulação e reorganização dos criminosos.

Afirmam em sua pesquisa que "as milícias reinventaram seu modo de agir para burlar a repressão policial e continuar a agir em amplas áreas da Baixada Fluminense, Zona Norte e Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro." Esta é a principal conclusão da pesquisa.

Mais do que preocupar, mostra a fragilidade do projeto de pacificação no Rio de Janeiro pois, segundo a Folha, já são 148 favelas dominadas, onde há dez anos o número contabilizado era de apenas seis. Uma cidade com um histórico de violência e criminalidade como o Rio, não poderia ter um projeto que só privilegiasse uma ponta desta complicada situação.

O cobertor não acompanhou as medidas e se faz necessário mais do que nunca uma rápida saída para "cobrir" o outro lado. Temos uma encruzilhada na disputa para o governo do Rio. Precisamos de uma administração séria, comprometida com o diálogo horizontal com as favelas e suas instituições, cada vez mais criminalizadas e com um déficit de infraestrutura que nunca fecha.

Não consegui ouvir ainda nenhuma proposta consistente em relação a essa ameaça real e imediata. Penso que ainda falta muito para que de fato o Rio de Janeiro real possa caminhar na direção do Rio de Janeiro oficial, das propagandas e discursos efusivos. Mas mesmo assim continuamos torcendo e acreditando, porque a esperança nos move, apesar de tudo.

"A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!"

*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@MncaSFrancisco)