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A violência com crianças nos faz pensar: onde foi parar a humanidade?

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Semana passada foi a semana dos telefonemas, eu contei aqui na coluna, fiz menção deles e de seus teores. Pois bem, um bem bacana foi o da Ana Yarochewsky. Ela me contou que em 2012 perto do natal  ganhou  uma doação de brinquedos usados, todos em perfeito estado.

Extremamente excitada com todos aqueles jogos, bonecas carrinhos etc, resolveu dividir a alegria e doar  parte para a creche  Semente, coordenada por missionários da junta de missões JOCUM (Jovens com uma Missão) , e outra parte para  uma igreja Batista da comunidade.

Ao  retirar os brinquedos, resolveu distribuir alguns para algumas crianças que olhavam pidonas de lado. À noite seu marido a informou de que a mãe de um menino que havia ganho uma pequena motoca de plástico a estava procurando para agradecer pelo presente que mesmo usado a família não havia tido condição de lhe dar no Dia das Crianças. Em seguida, ela lançou mão de mais alguns brinquedos, deu ao menino de 5 anos, aos seus irmãos e de lá pra cá não parou mais. 

De família israelita, com uma infância abastada, mas vivendo hoje na favela do Borel, Ana faz a diferença com o Happy Day, projeto que vai patentear e pretende continuar, com a ajuda de voluntários a distribuir muitos presentes e muita alegria como fez no ano de 2012 para 300 crianças, além de esperança, que é muito bom.

Ao recolher cartas com os desejos de presentes que as crianças gostariam de ganhar, se surpreendeu, pois a maioria pedia comida e roupa. Este ano ela está a postos e pronta para receber mais doações e mais voluntários e voluntárias.

Mas, bem no meio da escrita desta coluna me lembrei do Matheus, é do Matheus escolhido para o policial descarregar sua arma só um pouquinho. No outro adolescente amarrado ao poste no Flamengo e justiçado por rapazes moradores do bairro. No menino Luis Felipe de 3 anos morto com um tiro na cabeça enquanto dormia em sua casa em Costa Barros.

Pensei nestes meninos e em muitos outros que engrossam nossas macabras estatísticas de genocídio de um grupo específico e nossa hipocrisia de censura a Israel, quando nós brasileiros fechamos os olhos ao que se faz aqui no nosso quintal com o consentimento de seus concidadãos.

Que tal parar um pouquinho e rever com cuidado onde foi parar o bom senso e a humanidade, que ao contrário do que muitos pensam não é privilégio de alguns  grupos e que se faz necessária para não irmos por um caminho sem volta.

É isso gente. Só pra não perder a mão!

"A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!"

*Representante da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.