As barreiras entre as favelas e o asfalto estão cada vez menores, graças a informação e redução de preconceito que faz com que a sociedade comece a perceber a favela como um espaço de convívio social muito interessante, diversificado e sobretudo onde existe a essência da amizade nas relações entre os moradores.
Esse novo caminho de interpretar a favela tem sido um fator que tem levado diversos profissionais, acadêmicos e pessoas que gostam de trabalhos sociais a subirem os morros e começarem a transformar com suas próprias mãos esse novo cenário, essa nova realidade dos moradores de favelas.
Participando da Semana de Design e Arquitetura da PUC Rio, que está acontecendo essa semana, é claramente notável a quantidade de projetos voltados para o social e desenvolvimento das comunidades. Achei muito encantador poder perceber o quanto as favelas tem sido temas de projetos, onde os alunos buscam soluções e caminhos do design para elevar e melhorar a vida dos moradores. É muito prazeroso saber que alunos, que muitas vezes, nem imaginam como é ter uma vida dentro da favela, estarem se motivando a melhorar a vida dos moradores de comunidades.
Os projetos são diversos, entre eles o Favela Experience, dos alunos Peter Claussen, Rodrigo Gomes e Raphael Barros, orientados pelas professoras de projeto Claudia Bolshaw e Vera Damazio, no qual os alunos otimizaram o sistema de trabalho um grupo que trabalha com turismo em favelas, através da criação da identidade visual do grupo que precisava de uma imagem profissional. O resultado é surpreendente e foi o que motivou o dono do empreendimento a registrar sua marca e legalizar-se na Secretaria de Turismo, o que melhorou e ampliou ainda mais os seus serviços.
“_Alguns destes projetos para comunidades foram desenvolvidos pela nossa metodologia de projeto e outros foram desenvolvidos como iniciativa dos próprios alunos. Isso é uma marca do nosso curso e que acaba surgindo naturalmente, tanto como proposta dos professores, como por iniciativa dos alunos. O Design social é característica do ensino de design na PUC há muito tempo. Muita gente acha que o design é só sofisticação e coisa de elite, quando na verdade o design está na vida de todo mundo, esses projetos levam possibilidade de soluções especificas para essas pessoas. Tem contribuindo para as comunidades através de um a relação que melhora a autoestima dos moradores, auxilia o turismo e redução do preconceito.” Professora Izabel Oliveira, Coordenadora do Design na PUC-Rio e responsável pela Semana de Design.
O livro “Um Olhar Sobre a Produção Cultural da Rocinha”, de minha autoria, foi também desenvolvido como projeto conclusão de design na PUC e vem contribuindo para a imagem da favela, além de auxiliar a divulgação dos produtores culturais e abrindo portas para o turismo local.
Os resultados desses projetos para as comunidades tem sido de muita relevância pois tem elevado a autoestima dos moradores e levado a imagem positiva das favelas para as ruas, reduzindo o mito de que na favela só tem marginais. Auxiliam diretamente no desenvolvimento dos moradores e geram novas descobertas e novas possibilidades.
Esse é o caminho, inverso do que os governantes vem fazendo nas comunidades, para transformar moradores de classes populares em cidadãos e transformar alunos de grafuação em agentes de transformação. É preciso unir o saber ao fazer para modificar a situação de locais que foram abandonados por muitos anos pelas autoridades e que agora criaram forças, através do conhecimento e lutam por uma vida melhor.
*Davison Coutinho, 23 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Formando emdesenho industrial pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade, funcionário da PUC-Rio.