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Dilma e o sucesso sem surpresas

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Registra o país 59% de apoio, entre ótimo e bom, do governo Dilma. Sua crescente estabilidade foge das expectativas clássicas e da esperança das oposições, como alternativa de chegada ao Planalto. Essa dominante de opinião pública não se chocou com as derrubadas ministeriais, tal como, no passado recente, passou em branco pelo mensalão. É o que só aumentou a desarticulação do chamado “país do tudo bem”, habituado ao quadro do velho status quo, entre as condenações moralistas do situacionismo e, após, de quem lhes tomasse o poder.

Esta toada pendular seria o cantochão da mudança, ora tão frontalmente desmontada pelo país de Dilma. Aí está o esfacelamento do DEM e o choque do PSD histórico, nas nossas áreas mais afluentes. O que se depara é que o aumento da classe média nasce, agora, de um afluxo direto da antiga marginalidade social no mercado de trabalho e da consciência dessa ascensão. É tão irreversível quanto desmediada pelos antigos grupos instalados, e se esquiva nessa frontal rejeição do moralismo udenista do último meio século. E Kassab chega tarde nesta nova arregimentação política, em franca e acelerada expansão. A quem vender esse diferencial, na mobilização nacional em torno do governo, numa mesma tônica, em todo o país?

Neste verdadeiro plebiscito da opinião pública emergente, o regime está aberto para mudanças institucionais mais fundas de Dilma, ampliando a redistribuição de renda, de vez, pela imposição das grandes fortunas – no exemplo que já lhe dará a iniciativa americana, no próprio cerne de seu capitalismo vulnerado –, bem como o avanço do desenvolvimento social, no privilégio orçamentário já outorgado à área de saúde, a sinalizar iniciativas do mesmo tipo na habitação e no ensino.

Tais expectativas se ampliam com a exclusão do programa Minha Casa, Minha Vida, bem como do PAD, do corte orçamentário de 60 bilhões. O superávit primário de 5,1% não permitirá o aumento do PIB em 6% neste ano, mas facilmente em 2013. O que se fazia, ainda, de maneira ancilar, no governo Lula, avulta, hoje: o controle sobre as comissões e rateios municipais que propicia, na Carta pré-desenvolvimentista do doutor Ulysses, a entrega aos estados e municípios desta alavanca da mudança brasileira. Mas até onde esta consciência vai, de vez, além do petismo, em favor do “povo de Lula”, e ao despertar de suas novas e esperadas lideranças nas eleições deste ano?