ASSINE
search button

A barafunda dos três poderes

Compartilhar

Dos três poderes, o Judiciário fez o que pôde, mas purga a burocracia que empilha processos venerandos à espera de uma reforma que empacou no Congresso.

É na Câmara dos Deputados e menos no Senado de senhores de cabelos brancos que os processos envelhecem, caducam e são sepultados, sem que a opinião pública seja informada, ao menos por uma deferência.

Os que são aprovados, às vezes, pegam como sementes em terra adubada e, em grande parte, como que desaparecem sem deixar vestígios. Vez por outra, o Legislativo tenta enterrar os defuntos. Mas, se há uma atividade em que senadores e deputados federais e estaduais, além de vereadores, se empenham, é na apresentação de projetos.

A maioria merece a homenagem de um discurso do autor na tribuna parlamentar, enfeitado por apartes de apoio dos amigos.Outros, a maioria, esquecidos para sempre. O registro na imprensa, o discurso na tribuna da Câmara e do Senado é o quanto basta parao autor.  Se andar alguns passos na lerdeza de preguiças, sobrevive enquanto pode ser utilizado para bajular o eleitor.

Certamente é pouco, quase nada. O que a sagacidade da presidente Dilma Rousseff não apenas percebeu para afirmar a sualiderança é a omissão do Legislativo e que não há espaço vazio no poder. Na cadeira vaga, no gabinete às moscas, quem sabe e querfazer toma conta e impõe a sua liderança.

A presidente Dilma não deixa uma almofada abandonada na cadeira. É com atenta vigilância e disposição que comanda ogoverno, dando sempre a última palavra.

Não há um palmo vazio no seu gabinete e dos seus assessores. E não há outra explicação para a sua popularidade que empata coma do ex-presidente Lula — que logo descobriu o atalho do enriquecimento miliardário fazendo palestras ao preço de milhões nosauditórios do mundo.

Com cada qual no seu espaço, não há choques nem turbulência. A presidente Dilma trata Lula como o amigo a quem deve a suacarreira. Conversam todos os dias pelo telefone, almoçam juntos pelo menos uma vez por semana.

Em declaração recente, Lula queixou-se dos quilos a mais que o obrigam a mudar os botões do paletó e dos fios que cabelosbrancos das manchas de neve na cabeça.

Não é uma queixa. Ao contrário, um primeiro aviso de que o seu programa de vida está sendo ajustado aos seus interesses. E quenão pode esperar que a presidente Dilma Rousseff cumpra os dois mandatos da regra do jogo nem invadir o campo.

Toda esta longa especulação vai azedando aos trancos, à medida que os desafios se sucedem. O país, nas capitais, nas grandes emédias cidades, está sendo infernizado pela violência que se propaga como praga das ruas para as casas, com os espancamentos demulheres pelos maridos ou companheiros.

Andar na rua, a qualquer hora, é uma aventura. Para retirar dinheiro do banco, é bom contar com a sagacidade de um detetive paraidentificar os malandros que vigiam os saques para o furto na saída.

Não se sabe quando e como isto terminará. Mas acabará um dia, com a ocupação da cidade pela polícia pacificadora, mobilizando as Forças Armadas, as polícias e os paisanos com revólver na cintura.

Já não estamos tão longe.