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Temer no páreo

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O jogo da sucessão deve clarear bem neste final de mês. A candidatura do presidente Temer, inicialmente tida como inverossímil, por conta da impopularidade, das investigações e dos resultados incertos de sua “jogada de mestre”,  a intervenção no Rio, agora é uma variável que os outros devem levar em conta. Ontem, ele declarou que ela “não é improvável”.   Hoje ele se encontra com o novo presidente do DEM,  o prefeito ACM Neto. Deve admitir sua disposição para concorrer e ouvirá que, por ora, o DEM  seguirá com a candidatura de Rodrigo Maia.  O primeiro a refazer o jogo deve ser o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, antecipando para esta semana a decisão de deixar o cargo até 7 de abril ou continuar ministro, hipótese a que agora estaria mais propenso.

Já Temer tem até 5 de agosto (data final para a indicação de candidatos pelas convenções) para abrir o jogo. Auxiliares mais entusiasmados dizem reservadamente que ele já se decidiu. O ministro Moreira Franco, alto conselheiro, trabalha pela candidatura mas segue o tom do chefe, como nesta conversa com a coluna. 

Você falou em “eventual candidatura” e por ora ela é isso mesmo.   Ele é presidente, tem o direito constitucional de concorrer e o governo tem resultados a apresentar.  Na hora certa ele tomará a decisão. A  política não é ditada pelo relógio nem pelo calendário, tem sua dinâmica.  Mas uma coisa é certa. O governo vai ter candidato – diz lembrando os conselhos do ex-presidente Sarney para que Temer não repita seu erro em 1989.  Entre 22 candidatos, 5 eram de partidos da base mas nenhum defendia o governo. 

Hoje o governo Temer é aprovado por 6%  é rejeitado por 89% da população.  Nas pesquisas eleitorais, aparece com 1%.   Moreira relativiza:  Alckmin, o melhor posicionado no centro,  oscila entre 6% e 8%.   A sete meses da eleição a diferença significaria pouco. Temer brandiria a seu favor a superação da recessão, a queda dos juros e  a reversão do desemprego. E iria, é claro, defender-se das acusações que coleciona. Nas contas de outros palacianos, quando mais pulverizado o centro, menos votos terá Alckmin e mais chances terá Temer de chegar ao segundo turno. 

Pergunto se Temer já abriu o jogo com Meirelles. Filiando-se ao MDB ele será rifado se o presidente decidir concorrer. Moreira é curto.  “ Eu não sei a quê partido ele vai se fi liar mas acho que ele deixará o cargo para ser candidato”.  Já no Congresso, a percepção é de que o ministro estaria recolhendo os flaps. Num partido pequeno, teria pouco tempo de TV e recursos escassos para a campanha.  Com o MDB reservado a Temer, estaria propenso a continuar ministro.

STF: CONFLITO NA MESA 

Deve acontecer hoje a reunião entre a presidente do STF, Cármen Lúcia, e os demais ministros, para discutirem a apreciação das ações de constitucionalidade 43 e 44, que podem levar à revisão da prisão após condenação em segunda instância. Cármen resiste à deliberação mas aceitou a reunião privada proposta pelo decano Celso de Mello.  Marcada para ontem, não aconteceu e o decano protestou.  O relator da ações, ministro Marco Aurélio, também subiu o tom. Ao site jurídico Jota declarou que, com o STF dividido em relação ao tema, os habeas corpus analisados pela corte ganham um “sabor lotérico”. Depende da posição do relator.  E com isso, “a segurança jurídica é nenhuma”. 

Seja qual for o resultado, importante é que o STF enfrente o assunto. Os que cobram a prisão do ex-presidente Lula dirão que a corte começou a ceder às pressões. Mas Lula é apenas um dos interessados na decisão. Muitos condenados em segunda instância ganharam na loteria do STF e estão soltos. Muitos outros tiveram seus habeas corpus negados porque o relator sorteado era da linha dura de Cármen