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Museu Nacional exibe coleção de minerais cobiçada por Napoleão Bonaparte

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Parte da coleção de minerais, que por pouco não foi confiscada por Napoleão Bonaparte durante a guerra entre França e Portugal no século XIX, será exibida na exposição temporária 'Minerais da Coleção Werner', que inaugura na próxima quarta-feira (13), às 17 horas, no Museu Nacional/UFRJ, na Quinta da Boa Vista. As peças, trazidas para o Brasil pela Família Real na fuga de Portugal, fazem parte da Coleção Werner, a primeira coleção científica a integrar o acervo do Museu Nacional. Conta a lenda que Napoleão cobiçava uma pedra específica, com cristais de apatita, considerada uma das amostras mais bonitas da coleção e que estará na exposição. 

A Coleção Werner foi organizada e classificada no século XVIII pelo famoso geólogo e mineralogista alemão Abraham Gottlob Werner. É composta por minerais e minérios originários de várias partes do planeta, incluindo minas europeias atualmente esgotadas ou fechadas. Os minerais em exposição são muito raros, encontrados apenas em alguns poucos museus do mundo.

Segundo Fabiano Faulstich, pesquisador do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional e um dos curadores da mostra, a pedra que teria despertado o interesse de Napoleão “é uma amostra relativamente pequena, mas que conta com cristais muito bonitos e bem cristalizados de apatita, um fosfato, e que por ser tão bem cristalizado e transparente foi durante muito tempo descrita como se fosse água marinha, que como se sabe é uma gema preciosa”.

A história da Coleção Werner tem início no final do século XVIII, com sua aquisição por, Antônio de Araújo Azevedo, 1º Conde da Barca, junto à Escola de Minas de Freiberg (Alemanha), por ordem da Coroa Portuguesa. A Escola de Minas de Freiberg possuía como figura mais destacada o cientista Abraham Gottlob Werner (1749-1817), fundador da mineralogia moderna.

Werner foi o precursor do método de identificação dos minerais de forma sistemática através das suas propriedades físicas, como: sistema cristalino, cor, traço, brilho, tipo de clivagem, fratura e dureza. O conhecimento e fama de Werner atraíram estudantes de toda a Europa e até da América. Entre os estudantes de Werner podemos citar o conhecido José Bonifácio de Andrada e Silva, atualmente evocado como patriarca da independência.

Ao chegar a Portugal, vinda da Alemanha, a coleção passou por maus bocados. Como Portugal já se encontrava em um período turbulento, as caixas com as amostras ficaram na alfandega do porto durante meses sem que ninguém fosse dar conta delas. “Certo dia abriram as caixas para ver o que era e quando viram que era um monte de pedras decidiram jogá-las no rio, mas Carlos Napion, um engenheiro militar italiano a serviço da Coroa Portuguesa, ficou sabendo da história, interviu e evitou que a coleção fosse perdida”, relata Fabiano Faulstich.

Durante a fuga da Família Real Portuguesa (1808-1809), a “Coleção Werner” foi trazida para o Brasil a bordo da nau Medusa, pois, segundo consta, havia ordens expressas de Napoleão Bonaparte para o seu confisco e envio à Paris após a invasão de Portugal. A princípio a Coleção Werner foi encaminhada à Academia Real Militar, atual Instituto Militar de Engenharia, onde serviu para aulas práticas dos alunos desta instituição. O ilustre geólogo alemão Barão Von Eschwege transferiu-a ao Museu Real em 1819 sendo, portanto, a primeira coleção científica a compor o acervo do Museu Nacional.

A exposição temporária 'Minerais da Coleção Werner', que será aberta ao público na próxima quinta-feira (14), é uma homenagem aos 200 anos da morte do cientista (1749-1817). Estarão expostas cerca de 60 peças que representam a diversidade de minerais que compõem a coleção, assim como algumas referências da época (reprodução de trechos do catálogo, fichas históricas) e uma breve história da coleção.

Esta é mais uma das ações do Museu Nacional, primeiro museu do Brasil e a mais antiga instituição científica de História Natural e Antropologia do País, que em 2018 comemora 200 anos de criação.