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Campanha relembra a importância de se atentar à sintomas de câncer raro

Tumores neuroendócrinos acometem cerca de 350 mil pessoas anualmente no mundo

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O diagnóstico de uma doença grave pode parecer algo distante para a maioria das pessoas. Por conta disso, muitos sintomas que essas doenças manifestam não são levados a sério em um primeiro momento, e a famosa frase “isso não pode acontecer comigo” se torna parte do discurso. Porém, algumas vezes, pode dar “zebra” e estes sinais realmente significarem algo mais grave. Este é o caso dos tumores neuroendócrinos (TNE), tipo raro de câncer com sintomas que podem ser confundidos com outras condições mais comuns e menos agressivas.

Por conta disso, neste 10 de novembro, uma campanha global traz à tona informações sobre o diagnóstico precoce para este tipo de câncer e utiliza a zebra como mote, em alusão à expressão que exemplifica o azarão, o fora do comum, e que pode acometer qualquer pessoa.

“O dia mundial de conscientização sobre os tumores neuroendócrinos é um marco importante para chamar a atenção sobre a doença e promover informações sobre seu diagnóstico e tratamento. Como boa parte dos pacientes com TNE leva meses e até anos para terem o diagnóstico da doença, o dia mundial é uma ferramenta importantíssima para divulgar e alertar sobre o diagnostico”, explica a Dra. Rachel Riechelmann, Oncologista e Diretora do Departamento de Oncologia no hospital AC Camargo Cancer Center, em São Paulo, e Diretora de Pesquisa do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais.

Os tumores neuroendócrinos são malignos, de lento crescimento, e que se formam a partir de células neuroendócrinas, capazes de produzir hormônios, e que podem surgir em qualquer parte do organismo. Atualmente, estima-se que mais de 350 mil pessoas sejam diagnosticadas anualmente com este tipo de câncer no mundo.

De acordo com a Dra. Rachel, os sintomas podem ser inespecíficos dependendo da onde o tumor está instalado. "Um dos tipos mais comuns é a síndrome carcinoide associada a TNE. Nesta síndrome, o paciente apresenta quadro de diarreia crônica, dor abdominal e rubor facial" explica. Existem ainda os TNEs que produzem insulina e apresentam sintomas de hipoglicemia; o gastrina, que tem como sintomas dor de estômago e úlceras gástricas e o glucagon, que desencadeia um quadro de diabetes. 

O local mais comum de aparecimento do TNE é o trato gastrointestinal e, de acordo com a especialista, alguns dados epidemiológicos demonstram que este tipo de câncer é a segunda neoplasia mais comum que acomete esta área, depois do câncer colorretal. “O número de casos vem aumentando mais de seis vezes nas últimas décadas”, afirma.

Por ser um tumor de lento crescimento e sintomas inespecíficos, o diagnóstico é, em sua grande maioria, feito tardiamente. Dados da International Neuroendocrine Cancer Alliance (INCA) mostram que uma pessoa leva de 3 a 7 anos para ser diagnosticada com TNE, passando por até seis médicos diferentes. “Os TNE constituem um grupo de diferentes doenças com comportamentos clínicos variáveis. Por isso, mais da metade dos pacientes com TNE já apresentam metástases logo quando recebem o diagnóstico”, comenta a médica.

Além das dores provocadas pelo crescimento do tumor, alguns sintomas podem prejudicar consideravelmente a qualidade de vida do paciente, como diarreia crônica. Em uma pesquisa conduzida pelo INCA com mais de 2 mil pacientes em 12 países diferentes, mais de 80% dos pacientes revelaram que pararam de trabalhar como consequência da doença e 92% mudaram seu estilo de vida como um todo.

Atualmente, a única modalidade de tratamento curativa é a cirurgia. Quando a doença é avançada, não passível de cirurgia, o tratamento tem como objetivo controlar os sintomas causados pela produção de hormônios e também  o crescimento do tumor. Entre as terapias disponíveis atualmente se encaixam a quimioterapia, os análogos de somatostatina, terapia com radioisótopos e drogas de alvo molecular, além de estudo clínico com novos medicamentos. 

Deu Zebra em São Paulo

Em alusão à data, durante a manhã do dia 10 de novembro na Avenida Doutor Arnaldo, entre o metrô Clínicas e o ICESP, no bairro Cerqueira César, região central da capital Paulista, dois grandes painéis serão grafitados ao vivo pelo artista Cadu Mendonça, com o tema da campanha – a zebra.

A ação tem como objetivo chamar atenção para a data e ampliar a conscientização sobre os primeiros sintomas da doença, a fim de evitar diagnósticos tardios e melhorar ainda mais a qualidade de vida dos pacientes. Quem passar pelo local terá contato ainda com um material que contém informações sobre principais sintomas e tratamento da doença.