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Sedentarismo é abordado durante 61º Congresso Brasileiro de Oftalmologia

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Muitas doenças da vista poderiam ser evitadas se a população recorresse aos oftalmologistas para consultas de rotina. 

O último levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que entre 60% e 80% dos casos de deficiência visual no mundo poderiam ser evitados, por serem possíveis de prevenir e tratar, quando diagnosticadas a tempo. No Brasil, há mais de 1,2 milhão de pessoas cegas, ou seja, significa que quase 700 mil brasileiros cegos poderiam estar enxergando se tivessem recebido tratamento necessário no tempo adequado. 

De acordo com o Homero Gusmão, presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a frequência das consultas deve respeitar o histórico e estado de saúde de cada paciente. “Para quem não tem doença sistêmica como o diabetes, nem possui histórico próprio ou familiar de doenças oculares,  o ideal é visitar o oftalmologista uma vez ao ano, ou uma vez a cada dois anos se ainda for jovem e não usar óculos”, explica Gusmão, que destaca ainda uma frequência menor de uma vez a cada seis meses para pessoas acima de 65 anos (que façam parte de grupos de risco de doenças oculares, ou possuam histórico de problemas na vista).  

As pequenas dimensões dos olhos – e de toda a estrutura responsável pela visão – são inversamente proporcionais à sua complexidade. Uma série de problemas e doenças, que afetam não só os olhos como todo o corpo, pode interferir em nosso contato com o mundo por meio da visão. O Oftalmologista é o único profissional da saúde capacitado a identificar se nas causas de uma queixa comum, como por exemplo a visão embaçada, estão em uma presbiopia (vista cansada), ou em uma doença sistêmica (como o diabetes). De acordo com o CBO, qualquer desconforto nas vistas como coceira, dificuldade para focalizar imagens, lacrimejamento, manchas na visão, campo visual diminuído, vista cansada ou dores de cabeça são alertas do corpo para  buscar o especialista. 

Mas é importante ressaltar que, independente da ausência de sintomas, é necessária a visita ao oftalmologista para avaliar se tudo está bem. Visto que às vezes não identificamos falhas no dia a dia que podem indicar doenças sérias, como o glaucoma por exemplo, que costuma ser diagnosticado tardiamente pelos sintomas ”, ressalta o presidente do Conselho. 

Além das consultas periódicas ao especialista, é preciso ainda que a população fique atenta ao tabagismo, sedentarismo e alimentação, que são fatores importantíssimos na prevenção e cuidado com a visão. Segundo o CBO, o tabagismo está associado a problemas como degeneração macular, catarata e danos no nervo óptico; o açúcar em grande quantidade pode ocasionar problemas na vista, especialmente para diabéticos do tipo 1 ou 2, como a retinopatia diabética (doença silenciosa capaz de causar hemorragia interna e até cegueira); os exercícios físicos são fundamentais para combater o sobrepeso que, junto da má alimentação, impedem as vitaminas de chegarem aos olhos na quantidade necessária para evitar problemas oculares; a alimentação pode ser uma aliada não apenas para o corpo, mas também para uma visão saudável, e comer peixe, por exemplo, ajuda no combate ao envelhecimento precoce das estruturas dos olhos e fortalece o globo ocular. 

Por se tratar de um tema que demanda atenção e discussão entre população e governantes, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), maior entidade representativa da classe no Brasil, foi um dos  principais temas no 61º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, que ocorreu entre os dia 6 e 9 de setembro, em Fortaleza, Ceará. De acordo com o último Censo Oftalmológico feito pelo CBO para o Ministério da Saúde, mais de 16,3 mil oftalmologistas atuam no país. Com isso, o Brasil supera a proporção de habitantes por especialistas recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, grande parte dos brasileiros ainda carece de atendimento oftalmológico pela falta de acesso à saúde. Durante o Congresso, os profissionais aproveitaram para debater ações e ideias para ajudar a criar um caminho mais fácil para esse encontro. Para o CBO, é inevitável a viabilização de mais acesso da população aos agentes promotores de saúde, ou seja, promover um maior acesso aos médicos.