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Academia Nacional de Medicina comemora 188 anos

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“Ser admitido na Academia é a maior honra que um médico pode receber”, disse o acadêmico Carlos Gottschall, orador da celebração de 188º aniversário da Academia Nacional de Medicina na noite desta sexta-feira (30), na sede da instituição no centro do Rio de Janeiro. 

“Manda a tradição que celebremos esta data assinalando realizações, inspirações, saudades e orgulhos, desfechos tão difíceis no Brasil de hoje e em tantos outros lugares”, continuou o acadêmico. “Não esquecer que essa casa tem suas raízes na base ética primordial na medicina, representando a mais antiga e duradoura instituição científica e cultura deste país, geralmente tão maltratado por quem deveria honrá-lo”, finalizou Carlos Gottschall. 

Ressaltando o discurso “emocionante” do orador, o presidente da ANM, Francisco J. B. Sampaio deu continuidade a solenidade que foi encerrada com bolo e vela para que o corpo acadêmico presente, assim como diversas autoridades e convidados pudessem cantar parabéns.  

Fundada no reinado do imperador D. Pedro I, em 30 de junho de 1829, mudou de nome duas vezes, mas seu objetivo manteve-se inalterado: o de contribuir para o estudo, a discussão e o desenvolvimento das práticas da medicina, cirurgia, saúde pública e ciências afins, além de servir como órgão de consulta do Governo brasileiro sobre questões de saúde e de educação médica. 

“A instituição está fortíssima, talvez esteja no seu melhor momento”, disse o Dr. Sampaio que destacou o sentimento de honra e responsabilidade por presidir a Academia. “A ANM é uma instituição que não tem vinculo governamental, ela não depende de governo federal, estadual e municipal, de maneira que ela se mantém intocável com seus princípios éticos, médicos e a cirurgia e ciências afins a crescerem. Lógico que ela sofre alguma influencia política em períodos turbulentos, mas nunca deixou de existir uma sessão, nunca deixou de atuar de forma independente”, completou o presidente. 

Desde a sua fundação, seus membros se reúnem toda quinta-feira, às 18h para discutir assuntos médicos da atualidade, numa sessão aberta ao público. A Academia também promove congressos nacionais e internacionais, cursos de extensão e atualização e, anualmente, durante a sessão de aniversário, distribui prêmios para médicos e pesquisadores não pertencentes aos seus quadros. 

O Acadêmico Antonio Egidio Nardi apresentou o relatório de atividades acadêmicas, destacando, além dos Simpósios realizados e dos documentos oficiais publicados, o processo de renovação pelo qual passou a instituição, aumentando seu contato com o público em geral e promovendo ações de aproximação com os estudantes, através de cursos e simpósios, redes sociais, internet, etc. O orador oficial, Carlos Gottschall, proferiu discurso de alocução aos Acadêmicos falecidos, e saudou os novos membros da Academia.

Em marcante momento da cerimônia, Miguel Angel Maluf (Unifesp) abriu a entrega de prêmios na área de ciências aplicadas à medicina, sendo seguido pelo Dr. Sergio Lessa e Dr. Alfredo Barros, que receberam o prêmio José Francisco Xavier Sigaud.

Em seguida, houve a entrega do Diploma de Presidente da ANM ao Acadêmico Pietro Novellino, e ao Acadêmico Marcos Fernando de Oliveira Moraes; e o Diploma e Membro Emérito ao Acadêmico Sérgio Augusto Pereira Novis e ao Acadêmico Luiz Felippe de Queirós Mattoso. O Diploma de Correspondente Estrangeiro foi para o cirurgião da Universidade Católica do Chile, Raul Segundo Sanchez Gutierrez, e o Diploma de Benemérito foi para o Doutor Rômulo Cavalcante Mota. 

O Presidente Acadêmico Francisco Sampaio encerrou a solenidade proferindo emocionado discurso sobre a trajetória da Academia, destacando-se a ampliação da abertura da ANM à sociedade médica em geral, através de atividades científico-culturais de grande impacto. 

“Em 1829, Joaquim Cândido Soares de Meireles fundou a Academia Nacional de Medicina (ANM). Em 1843, o Instituto de Advogados Brasileiros (IAB) foi fundado pelo advogado Francisco Montezuma, e em 1897 1839, a Academia Brasileira de Letras (ABL) foi fundada por Machado de Assis. É impressionante como em pleno regime escravagista (ANM e IAB) e imediatamente pós-abolição (ABL), três negros fundaram as três instituições mais longevas e mais importantes do país, e em uma época em que era muito forte o preconceito racial. Obviamente eram figuras extraordinárias”, discursou o Dr. Sampaio. 

Por fim, o Presidente Acadêmico agradeceu a todos pela colaboração que a Diretoria tem recebido e pela participação de todos em prol do objetivo comum, que é o crescimento ininterrupto da quase bi-centenária Academia Nacional de Medicina e em seguida convidou a todos a participar do coquetel de confraternização.