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Hemangiomas: especialista alerta que casos em prematuros estão mais frequentes

Tumor benigno em bebês pode impactar a autoestima durante o crescimento

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O número de casos de hemangioma infantil em bebês prematuros – cuja incidência sempre foi maior, assim como nas meninas – tem sido ainda mais frequente, principalmente em gestações múltiplas. A observação é do responsável pela cirurgia plástica pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, doutor Dov Goldenberg, especialista no estudo e tratamento da doença, traduzida como um tumor benigno e aparente, sendo mais comum no rosto. A próxima segunda-feira, 15 de Maio, marca o Dia Internacional de Conscientização sobre Hemangiomas e outras anomalias vasculares.

– Com mais casos de fertilização in vitro e inseminação artificial, cresce o número de gestações múltiplas e, consequentemente, de partos prematuros. E a incidência de hemangioma aumenta em 30% a cada 500 gramas abaixo do peso.

A literatura médica mostra também que a incidência em meninas costuma ser de três a cinco vezes maior, o que reforça a preocupação com o lado psicológico em caso de cicatrizes, já que 60% das ocorrências são na face e na região cervical.

Tumor mais comum da infância, o hemangioma em geral atinge 5% dos bebês e não tem causas definidas. Pode ser superficial, a maioria regride espontaneamente sem complicações, porém o seu surgimento exige, em todos os casos, acompanhamento e cuidados médicos. Em 20% dos casos é necessário tratamento devido a lesões maiores, que levam a infecção, sangramento, riscos de feridas, deformidades no rosto – ou ainda em outras áreas do corpo –, incluindo obstruções visual e respiratória da criança, conforme a localização do tumor. A eficiência do tratamento minimiza uma possível cicatriz e o seu potencial efeito psicológico, como baixa autoestima, comportamento antissocial e sofrimento por bullying.

Tratamento – De acordo com o doutor Dov Goldenberg, a alternativa com maior eficácia para o tratamento do hemangioma infantil será introduzida este ano no Brasil. Trata-se de um betabloqueador específico para bebês, que pode evitar a evolução do tumor até obrigar uma cirurgia. O medicamento chega por meio do laboratório francês Pierre Fabre, sob o nome de Promangiol, sendo sua indicação para uso e maior eficácia em crianças de até 5 meses.

– Hoje, utilizamos o propranolol de forma não ideal, dissolvendo o comprimido em água. Agora teremos uma forma mais segura sob todos os aspectos, entre eles o da eficiência do tratamento, que minimiza uma possível deformidade e o seu potencial efeito psicológico no futuro, já que os pacientes, nesse caso, são bebês – explica o especialista, para quem o medicamento pode ser adotado até um ano de idade.

Indicado para tratar pessoas cardíacas, o propranolol teve a sua eficácia descoberta por acaso na França, durante a sua utilização contra um dos efeitos adversos do tratamento do hemangioma com corticoide. Desde 2010, passou a ser adaptado e manipulado a partir de dissolução. Na sua comprovação clínica e experimental para aprovação como produto específico a hemangiomas, mostrou-se mais eficiente que os outros medicamentos.

O doutor Dov Goldenberg lembra que o suporte psicológico aos pais é fundamental, mas que a indicação do medicamento tem critérios objetivos:

– Ou seja, não se indica tratar a criança para alívio psicológico dos pais, apesar da pressão que obviamente existe por parte de alguns familiares. O médico tem um papel fundamental ao definir a necessidade do tratamento e dar apoio nos casos em que não for imediatamente indicado, mantendo um acompanhamento constante do paciente. 

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O HEMANGIOMA INFANTIL

O que é o hemangioma infantil?

É um tumor vascular benigno decorrente de distúrbios na formação dos vasos sanguíneos. Pode ser superficial na pele (às vezes chamado de “marca de morango”), profundo ou misto; e manifesta-se normalmente até a oitava semana de vida. Atinge cerca de 5% dos nascidos vivos, sendo em 20% de forma mais grave. A incidência aumenta em 30% a cada 500 gramas de nascimento abaixo do peso e é de três a cinco vezes mais comum em meninas.

Como o tumor evolui?

Na fase chamada proliferativa, o tumor cresce rapidamente e pode alcançar dimensões consideráveis até os 12 meses ou, mais raramente, até o segundo ano de vida. Depois, ocorre uma regressão espontânea que, em cerca de 70% das lesões, completa-se até os sete anos de idade. 

Quando é indicado o tratamento?

A maioria dos hemangiomas infantis regride espontaneamente sem complicações, exigindo, no entanto, acompanhamento médico permanente. Aproximadamente 20% dos casos precisam de tratamento por apresentarem lesões maiores, infecção, sangramento, riscos de feridas, obstruções visual e respiratória.  

E como é o tratamento?

O tratamento clínico é feito a base de propranolol, sendo que um medicamento em forma de solução pronta será introduzido este ano no país, sem o risco da manipulação de até então. O betabloqueador tem taxa de eficácia maior e redução de efeitos adversos. Além disso, o seu uso pode evitar uma cirurgia, reduzir o porte da mesma ou permitir o seu adiamento. Corticoides como a prednisona e o alfa-interferon são segunda e terceira opções dos médicos. O tratamento cirúrgico é indicado em situações emergenciais, de risco de comprometimento funcional, lesões de fácil remoção ou as residuais remanescentes após o período de regressão espontânea.