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Saiba como a atividade física influencia infertilidade masculina

Apenas 6 meses de exercícios frequentes podem melhorar a qualidade do esperma

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Homens sedentários que começam a treinar, entre três e cinco vezes por semana, podem melhorar sua contagem de espermatozoides e outros parâmetros que medem a qualidade do esperma. Esse é o resultado de um estudo publicado na revista médica Reproduction, uma das mais respeitadas sobre o assunto. 

Atualmente um a cada três casais tem dificuldade de engravidar devido à má qualidade do sêmen. Nos últimos anos, estudos de diversos países chegaram à conclusão de que a quantidade e a qualidade dos espermatozoides dos homens estão diminuindo de forma preocupante. Um deles, feito com mais de 26 mil homens, e publicado no periódico médico Human Reproduction, mostrou uma redução de 32% na concentração dos espermatozoides — a média para homens de 35 anos de idade caiu de 73,6 milhões por mililitro de sêmen para 49,9 milhões.

O aconselhamento atual para os homens que procuram melhorar suas chances de gravidez incluem combinar alimentação saudável com exercício regular, além de deixar de fumar e reduzir a ingestão de álcool. No entanto, a ligação entre o exercício e a qualidade do esperma não está definitivamente comprovada. Alguns estudos têm mostrado que o exercício extenuante, como corrida de longa distância e ciclismo de resistência, por exemplo, podem ter um impacto negativo na qualidade do esperma. 

Neste estudo, os pesquisadores, da Universidade Urmia, no Irã, investigaram 261 homens saudáveis, ??entre 25 e 40 anos de idade. Eles dividiram os participantes em quatro grupos: treinamento contínuo de intensidade moderada (MICT), treinamento contínuo de alta intensidade (HICT), treinamento de intervalo de alta intensidade (HIIT), e um grupo de controle que não fez nenhum exercício. 

Os homens dos grupos MICT e HICT correram em uma esteira meia hora e 1 hora, 3 e 4 dias por semana, respectivamente. Já o grupo do HIIT fez corridas curtas de um minuto de explosão em uma esteira, seguido de um minuto de recuperação, repetindo a fórmula entre dez e quinze vezes. Estas rotinas foram seguidas por 24 semanas.

Amostras de sêmen foram colhidas antes, durante e após os diferentes regimes de exercício para avaliar o volume de sêmen, a contagem de espermatozoides, a morfologia, a motilidade, os níveis de marcadores inflamatórios e sua resposta ao estresse oxidativo. Os pesquisadores descobriram que os homens em todos os grupos de exercício tinham melhor qualidade do esperma em todas as medidas, quando comparados com as amostras do grupo de controle. 

Após completar o programa de 24 semanas, o grupo MICT mostrou as maiores melhorias na qualidade do esperma e também manteve esses benefícios por mais tempo. Em comparação com o grupo de controle, os integrantes do MICT tinham: 

• 8.3% mais volume de sêmen

• Motilidade espermática 12,4% maior

• 17,1% melhoram a forma / morfologia da célula espermática

• 14,1% mais esperma concentrado

• e 21,8% mais espermatozoides em média 

No entanto, os benefícios apresentados na contagem de esperma, forma e concentração começaram a cair para níveis de pré-treinamento após uma semana sem o programa de exercícios. Já a motilidade reduziu após 30 dias.

"Esse estudo sugere que fazer exercício pode ser uma estratégia simples, barata e eficaz para melhorar a qualidade do esperma em homens sedentários", afirma Dr. Isaac Yadid, especialista em reprodução humana há mais de 30 anos. “Mas ainda são necessários estudos complementares para investigar se essas mudanças na qualidade do esperma afetarão de fato o potencial de fertilização”, ressalta.

Atualmente existem várias técnicas para tratar a infertilidade masculina, como tratamento hormonal e tratamento de reprodução humana (inseminação ou fertilização in vitro). “Podemos usar também apenas um dos processos de fertilização, que é a injeção intracitoplasmática de esperma, onde coleta-se o sêmen no epidídimo e procede com uma injeção do esperma dentro do óvulo”, explica Yadid. Outra técnica disponível é a micro TESE. “Este é um procedimento invasivo, que procura o esperma dentro do testículo, através do microscópio, no parênquima do testículo. Detectando onde há formação do esperma, ele é ‘pescado’ e depois injetado no óvulo”, esclarece.