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'WSJ': Ford e Google negociam parceria para fabricar carros autodirigíveis

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Matéria publicada nesta segunda-feira (28) no The Wall Street Journal, conta que a Ford Motor Co. está trabalhando num acordo com o Google, da Alphabet Inc., para a fabricação de carros autodirigíveis que usariam as tecnologias da gigante americana do software. O objetivo do acordo seria ajudar a Ford — que vem ampliando o foco em tecnologias automotivas avançadas durante a gestão do diretor-presidente Mark Fields — a acelerar suas iniciativas para trazer carros autônomos para o mercado. Qualquer possível acordo não seria exclusivo com a Ford, diz a fonte, e o Google continuaria a conversar com outras montadoras. Uma parceria pode ser anunciada no início de 2016.

Como parte do acordo sendo considerado, a Ford desenvolveria software para componentes como direção, freios e aceleração, enquanto o Google forneceria o software abrangente de autodireção que controla essas funções, diz a fonte.

As tecnologias e os sensores de direção autônoma precisariam ser integrados nos próximos veículos da Ford. Os protótipos mais recentes de carros do Google têm sensores integrados a seu design.

A reportagem fala que através de um comunicado, a Ford avisou que está conversando com uma série de empresas sobre avanços em seu plano de mobilidade, mas acrescentou que as negociações são privadas e não fez mais comentários. Um porta-voz do Google não quis comentar. Discussões entre as duas empresas sobre carros autônomos usando tecnologia do Google foram divulgadas anteriormente pelo site Yahoo Autos.

As notícias sobre as conversas fizeram a cotação das ações da Ford subir 3,4% na terça-feira, para US$ 14,20. As ações da montadora americana recuaram quase 18% desde que Fields assumiu o cargo, em julho de 2014, e o fechamento de terça-feira, apesar de a empresa ter registrado um lucro recorde na América do Norte neste ano.

Neste mês, Fields revelou planos de investir US$ 4,5 bilhões para desenvolver veículos elétricos até 2020, mas os preços das ações da Ford mal reagiram.

Enquanto isso, rivais atuais e potenciais, como a Apple Inc., a Tesla Motors Inc. e o Uber Technologies Inc., lograram capturar a alta das ações de que a Ford se beneficiou alguns anos atrás, quando evitou uma falência em meio à crise financeira. A Tesla é avaliada por investidores em cerca de US$ 30,1 bilhões, ou mais que a metade do valor de mercado atual da Ford.

“O que estamos vendo é uma fadiga das ações”, diz Brian Johnson, analista do setor automotivo no banco Barclays, referindo-se ao fraco desempenho das ações da Ford em 2015. “Com a Ford em níveis recorde de lucratividade, é muito fácil para os investidores dizerem: ‘Isso não pode durar’”, diz Johnson.

Fields discorda. “Podemos encontrar formas de gerar receita em uma base mais consistente”, disse ele numa entrevista recente ao The Wall Street Journal, notando que esses negócios podem atuar como um “colchão” contra os altos e baixos do setor. Ele disse que a Ford não pode terminar como a Nokia Corp., que já foi o principal fabricante de celulares e acabou ficando para trás no setor de smartphones.

O foco em serviços é essencial para a nova estratégia de Fields. A Ford recentemente ampliou seu laboratório de pesquisa e desenvolvimento no Vale do Silício e contratou vários profissionais de outras áreas, como o ex-banqueiro de investimentos John Casesa e o ex-executivo aeroespacial Ken Washington, para se concentrar no desenvolvimento tecnológico e em serviços de mobilidade, incluindo compartilhamento de caronas e aluguéis de carros.

A Ford também precisa acompanhar suas concorrentes tradicionais.

A General Motors Co. pretende lançar até 2017 um novo carro elétrico com autonomia para 320 quilômetros, o Chevrolet Bolt, e está desenvolvendo uma função, o chamado “Super Cruise”, para permitir que os motoristas de seu modelo Cadillac não precisem colocar as mãos no volante ao trafegar numa rodovia.

Já a japonesa Toyota Motor Corp. anunciou recentemente que vai montar um centro de pesquisa no Vale do Silício orçado em US$ 1 bilhão, numa tentativa de acelerar o desenvolvimento de carros inteligentes. Neste mês, a montadora comprou uma pequena participação na Preferred Networks Inc., uma “startup” de inteligência artificial.