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Médicos alertam sobre cuidados na gestação de gêmeos

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O aumento do número de gestações múltiplas nas últimas décadas está diretamente ligado ao uso difundido de medicações para indução de ovulação e a prática de reprodução assistida. E pode causar problemas tanto para a mãe como para os bebês, se não houver um rigoroso acompanhamento médico. A incidência de gestações de gêmeos apresenta variação de acordo com o local geográfico, sendo maior em alguns países africanos.

Além da influência geográfica, alguns fatores pessoais podem estar relacionados. Sabe-se que a chance de gestação gemelar cresce em mulheres com história familiar por parte materna, aumento da idade materna e do número de gestações.

Segundo o ginecologista Claudio Crispi, o diagnóstico de uma gestação de gêmeos é feito facilmente pela realização de uma ultrassonografia e deve ser feito precocemente, ainda no primeiro trimestre de gestação. Ao exame físico o médico pode encontrar alguns dados sugestivos, porém em sua grande maioria são sinais tardios e que podem ser de interpretação duvidosa, como por exemplo, um tamanho uterino maior do que o esperado para a idade gestacional.

Qualquer gestação já acarreta uma série de alterações no organismo da mulher, contudo, a gestação múltipla pode intensificar ainda mais algumas mudanças. O aumento do volume circulante no organismo materno é maior em gestações gemelares quando comparadas às únicas, também ocorre um aumento do débito cardíaco (volume de sangue bombeado pelo coração por minuto) de 20% em relação às gestações únicas. Pode, ainda, ser mais freqüente a presença de falta de ar nestas gestações, pelo grande volume abdominal.

Quanto às complicações obstétricas, explica o Dr. Crispi, a gestação múltipla aumenta o risco do surgimento de praticamente todas estas complicações. Uma das complicações mais freqüentes é a hipertensão arterial, na forma de pré-eclâmpsia. A relação com diabetes gestacional ainda permanece controversa: enquanto alguns autores sustentam que há maiores riscos, outros não corroboram com esta afirmativa.

Outras complicações podem também aparecer nas gestações múltiplas, como por exemplo, a prematuridade que pode ser encontrada em até 50% dos casos, a rotura da bolsa antes do termo, que acomete cerca de 10% destas gestantes,  assim como a restrição do crescimento fetal que possui 10 vezes mais chance de ocorrer  quando comparada com a gestação única.

O acompanhamento pré-natal das pacientes com gestações múltiplas necessita de um maior número de consultas, prossegue o Dr. Crispi, contudo o número mínimo de consultas não é fixo, sendo dependente de diversos fatores, inclusive a presença ou não de complicações. É importante e deve ser considerada a abordagem multidisciplinar destas gestantes, com atendimento de nutricionistas e psicólogos em conjunto.

Os exames laboratoriais são os mesmo daqueles realizados em gestações únicas, podendo haver, apenas, uma avaliação mais rigorosa de anemia materna, que é mais freqüente nas gestações múltiplas. Entretanto, o uso do exame ultrassonográfico periodicamente é de extrema importância nestas gestações, sendo realizado com maior freqüência, principalmente a partir da 16ª semana.