ASSINE
search button

São Paulo fará censo para mapear número de pessoas com hepatite C

Compartilhar

Na semana do Dia Mundial da Luta contra as Hepatites Virais (28 de julho), a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo lançou hoje (27) um censo inédito para mapear o número de pessoas com hepatite C no estado. Desde 2000, foram notificados 68.297 casos de hepatite no estado, o que corresponde a 0,1% da população paulista. No entanto, a secretaria acredita que esse número seja maior, uma vez que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 3% da população mundial tenham a doença.

“Sabemos que temos bem mais. A prevalência nos diz que temos pelo menos 490 mil portadores da hepatite C [no estado de São Paulo]”, disse Maria do Carmo Camis, diretora da Divisão de Hepatite do Centro de Controle da Doença da secretaria.

A ideia da secretaria é que os paulistas diagnosticados com a doença façam o cadastro pela internet. As informações são sigilosas e serão usadas unicamente para esse levantamento. Segundo o órgão, isso vai ajudar a pasta a formular políticas públicas e a estudar tratamentos para a doença.

“Isso é muito importante para a gente. Acreditamos que esse será o meio mais ágil para fazermos esse levantamento”, disse Maria do Carmo. Segundo ela, esse cadastro permitirá estimar, por exemplo, o número de tratamentos necessários para atender esses pacientes.

Teste

Para marcar o lançamento do censo, hoje foi oferecida uma testagem da doença no Instituto Clemente Ferreira, no centro da capital. A Agência Brasil esteve no local e conversou com algumas pessoas que aproveitaram a ação para fazer o teste da hepatite C. No local, elas apresentavam um documento de identificação e logo depois eram encaminhadas para uma sala onde enfermeiros faziam um pequeno furo em um dos dedos da mão do paciente para o teste. O resultado saía em cerca de uma hora e, caso o diagnóstico para a doença fosse positivo, os pacientes já eram encaminhados para serviços de referência.

Uma das pessoas que aproveitaram a ação para fazer o teste foi a ascensorista Maria do Rosário Carvalho, de 58 anos, que aguardava o resultado do exame. “Não dói não [fazer o exame]. Agora estou esperando o resultado. O teste é para a gente saber se tem algum problema. Às vezes, a gente trabalha e trabalha e não sabe o problema que tem. Deixamos o tempo passar e quando a gente vai cuidar, já demora mais.”. Maria do Rosário disse que não tem medo de saber o resultado do exame. “Se eu tiver algum problema será mais fácil para eu me cuidar. Se for deixar o tempo passar, você não sabe o que você tem. Por isso fiz o exame, para saber. Se tiver problema, eu cuido. Se não tiver, graças a Deus que não tive nada.”

O aposentado Luis Sutil de Oliveira, de 72 anos, também aguardava o resultado do exame. “Vim fazer o teste para ver se eu tenho alguma coisa ou não. Foi bem simples, só uma picadinha [no dedo]. Precisamos saber nos prevenir porque a gente não sabe se tem ou não. Se eu não tiver doença nenhuma, tudo ótimo, mas, se eu tiver, vou procurar um médico.”

Os interessados em fazer o teste para o diagnóstico da hepatite C podem procurar um posto de saúde. “Toda unidade de saúde terá essa testagem, seja a rápida ou por sorologia. Todas unidades básicas e centros de testagem estão preparados para fazer o teste”, destacou Maria do Carmo.

Para prestar esclarecimentos sobre a doença, a secretaria disponibilizou o telefone 0800 162550, que é o Disque DST/Aids. O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

Diagnóstico precoce

A hepatite é uma inflamação do fígado que compromete o seu funcionamento normal. Na maior parte das vezes, o paciente não apresenta sintomas, mas em alguns casos podem ocorrer fadiga, febre, falta de apetite, enjoo, vômitos, urina escura, pele e olhos amarelados e fezes esbranquiçadas. Se não tratada, a hepatite C pode evoluir para cirrose ou câncer de fígado.

O diagnóstico precoce da hepatite C ajuda a prevenir problemas de saúde e evita também a transmissão do vírus, que ocorre por contato com sangue contaminado. O grupo de risco para a doença é geralmente formado por usuários de drogas injetáveis, filhos de mães contaminadas, parceiros portadores do vírus e pessoas com tatuagens ou piercings, informou a secretaria. Outro grupo de risco, acrescentou Maria do Carmo, são pessoas com mais de 40 anos que tenham passado por alguma transfusão de sangue ou intervenção cirúrgica porque, até 1992, o sangue não era testado para hepatite C. “Este é o segundo maior público por mecanismo de infecção”, alertou a diretora.