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Investir na área espacial é questão de segurança e autonomia, avalia Rebelo

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O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, disse nesta terça-feira (14) que a formação de profissionais na área de tecnologia aeroespacial é fundamental para que o país acompanhe o desenvolvimento internacional no setor. Ele citou como exemplo o estudante de engenharia aeroespacial da Universidade de Brasília, Brenno Popov, de 21 anos, que construiu o primeiro artefato espacial antes de se tornar engenheiro. 

Além disso, participa do Programa Serpens, da Agência Espacial Brasileira (AEB), em parceria com universidades, e ajudou a criar e montar um nanossatélite que em breve estará no espaço. Os nanossatélites são satélites pequenos, de 1 a 10 quilos.

De acordo com o ministro, “não podemos esperar que nos ensinem, temos que encontrar o nosso próprio caminho". Em sua visão, o país deve ter mais pesquisadores e engenheiros trabalhando na área espacial. Caso contrário, "não vamos prover necessidades para o nosso país. Vamos ficar vulneráveis”, disse ele na tarde desta terça-feira, no campus da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, durante conversa com alunos de pós-graduação, na tenda da Associação Nacional de Pós-Graduaçao.

Ele ressaltou que “tudo” o que é feito hoje depende de equipamentos que estão no espaço. “Precisamos dos sinais de satélites para diversas ações, como comunicações, deslocamento, lazer e para inúmeras áreas da atividade econômica, mas também para a militarização”, explicou.

Aldo Rebelo disse que a politica atual do Ministério é buscar autonomia principalmente em áreas nas quais as tecnologias não são transferíveis. “Tem patente para tudo no mundo, mas não tem para as áreas nuclear e espacial. Quem quiser colocar um satélite em órbita, por conta própria, trate de ter o seu foguete. Enquanto não tiver, vai depender do foguete alheio. No dia que o alheio disser que está faltando foguete, você fica sem satélite. Então, trate de ter o seu foguete”, enfatizou.

Para o ministro, quem acha caro e desnecessário investir em foguetes está enganado. “Tem coisa que custa muito mais caro não ter feito. Não ter foguete pode custar muito mais caro”, avalia.

Enquanto isso, no estande da AEB, na Expo T&C, uma das principais exposições da 67ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Brenno Popov contava que o primeiro nanossatélite do Serpens ficou pronto em março. O desafio do projeto é provar a capacidade desses pequenos satélites para transmitir dados, receber e devolver mensagens. O lançamento será feito pela JAXA, agência espacial japonesa, com previsão de partida em outubro. O Brasil não possui veículo lançador para foguetes.

O estudante explicou que após 30 minutos de lançamento, o plano é que o sistema ligue e as antenas sejam liberadas, deixando o satélite pronto para receber comunicações da Terra. “Como é um satélite universitário, que os estudantes ajudam a desenvolver, não há certeza de que vai funcionar. 

Mas por ser uma plataforma barata, de fácil manuseio, se der problema a perda é pequena”, ressaltou. O modelo de engenharia custou R$ 400 mil reais. O projeto todo teve orçamento de R$ 3 milhões, incluindo a locação de equipamentos e modelo de voo. É o primeiro de uma série prevista pelo Serpens, que quer fazer um nanossatélite por ano, com diferentes propósitos.