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Cientistas conseguem deter progressão do Mal de Alzheimer em roedores

Estudo indica que anomalia imunológica causa a doença

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Pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, conseguiram reverter um quadro de Alzheimer com uma substancia aplicada em roedores. Um estudo publicado nesta quarta-feira (15/04) no periódico “Journal of Neuroscience” desvenda uma possível causa da doença e pode oferecer uma estratégia para desenvolver novos tratamentos. 

Segundo o estudo as causas podem estar ligadas a uma anomalia no sistema imunológico, que possui a função de proteger o organismo de invasores externos.

Até hoje, não há tratamento para reverter ou reduzir os sintomas do mal de Alzheimer. De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer, estima-se que existam no mundo cerca de 35,6 milhões de pessoas com a doença. No Brasil, há cerca de 1,2 milhão de casos, a maior parte deles ainda sem diagnóstico.
A doença se caracteriza pela perda de funções cognitivas como memória, orientação, atenção e linguagem, causada pela morte de células cerebrais.

A maioria das linhas de pesquisa sobre o Alzheimer é focada na função da amilóide, uma proteína que se acumula no cérebro em forma de placas e provoca a morte dos neurônios à medida que o mal progride.

Mas, desta vez, o estudo se concentrou no sistema imunológico do cérebro e mostrou que as micróglias — células que defendem o sistema nervoso de qualquer sinal de infecção — têm um papel fundamental no desenvolvimento da demência.

”A pesquisa abre portas para pensar a doença de uma maneira completamente diferente”, afirmou Carol Colton, professora de neurologia da universidade e principal autora do estudo. “Os trabalhos de campo têm se voltado para a amilóide nos últimos 15, 20 anos, e nós decidimos observar outras coisas porque ainda não entendemos o mecanismo da doença ou como desenvolver terapias eficientes”, acrescentou ela.

Em indivíduos com Alzheimer, certas células do sistema imunológico começam a consumir de forma anormal um importante nutriente, a arginina, diminuindo a sua presença no cérebro e desencadeando a doença.

A droga conhecida como difluorometilornitina (DFMO) já está sendo testada em humanos para certos tipos de câncer e nunca tinha sido usada em pesquisas de Alzheimer. Nesse estudo, ela foi usada para bloquear a CD11 no estágio inicial da doença em camundongos, quando os sintomas ainda eram pouco evidentes.

Os cientistas constataram então uma menor concentração da molécula e de placas amiloides no cérebro dos animais, que também tiveram melhor desempenho em testes de memória. A ideia agora é testar se a droga também é capaz de reverter sinais mais expressivos da doença.