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Brasil tem 'cultura da cesariana', aponta OMS

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A taxa ideal de cesáreas não deve passar de 15%, mas em muitas áreas do mundo, especialmente na Europa e nas Américas, índices chegam a mais de 35%. No Brasil a situação é ainda mais alarmante. O país é o campeão na realização de cesarianas, com 55,6% do total dos nascimentos.    

Se for levado em conta apenas a rede privada, a cifra aumenta ainda mais, chegando a assustadores 83%.    

Em relatório publicado recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que a intervenção cirúrgica seja realizada apenas quando for "medicamente necessária" e lamentou a "epidemia", dizendo que no Brasil existe uma "cultura da cesariana".    

"Não existem evidências de que fazer cesáreas em mulheres ou bebês que não necessitem dessa cirurgia traga benefícios. Assim como qualquer cirurgia, uma cesárea acarreta riscos imediatos e a longo prazo. Esses riscos podem se estender muitos anos depois de o parto ter ocorrido e afetar a saúde da mulher e do seu filho, podendo também comprometer futuras gestações", apontou o organismo em comunicado.    

É por isso que a OMS publicou um novo documento de recomendações sobre os casos em que a intervenção é necessária, pedindo aos governos que adotem um sistema de normas de classificação.    Segundo os especialistas da instituição, a cesárea deve ser feita somente quando o nascimento natural coloca em risco a mãe ou a criança, como, por exemplo, após um trabalho de parto prolongado, sofrimento fetal ou porque o bebê está em uma posição anormal, que pode causar complicações ou morte.    

Novos estudos mostram que, quando quando cesáreas são realizadas em cerca de 10% dos casos, o número de mortes maternas e neonatais cai.    

Segundo dados da OMS, são realizadas cesáreas, em média, em 3,8% dos casos na África, em 8,8% no Sudeste da Ásia, em 15,7% no Mediterrâneo Oriental, em 23% dos casos na Europa, 24,1% na região do Pacífico Ocidental e em 35,6% nas Américas, com uma média geral de 15,6%.