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Filhote órfão de peixe-boi resgatado no interior do AM poderá ser adotado

A ideia dos pesquisadores é colocá-lo junto a um peixe-boi fêmea para ver se ocorre a adoção

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O filhote recém-nascido de peixe-boi da Amazônia encontrado em Manicoré (AM), no último sábado, 7 de fevereiro, foi encaminhado para o Inpa, em Manaus. A ideia dos pesquisadores é colocá-lo junto a um peixe-boi fêmea para ver se ocorre a adoção.

Esse procedimento já ocorreu duas vezes nos tanques do Parque Aquático Robin C Best do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) nos anos de 2001 e 2010, quando o peixe-boi fêmea chamada de “Boo”, adotou três filhotes órfãos, vítimas da caça ilegal.

O recém-nascido órfão poderá ter a sorte de ganhar uma mãe adotiva, já que, segundo relatos do ribeirinho que o encontrou, foi retirado da natureza por ter perdido a mãe biológica em uma abate de peixes-bois adultos, ocorrido na última semana, no Lago Matupiri, distante uma hora de lancha rápida do município de Manicoré (AM).

“O filhote está muito estressado e isso não é um bom sinal. Ele está bem de saúde e tem no máximo uma semana de nascido. Por isso, decidimos colocá-lo junto a “Boo” e observar qual será o comportamento dela, já que existe um histórico de adoção”, explica o veterinário do Inpa, Anselmo D´Affonseca.

O Resgate

O animal foi encontrado, no último sábado, 7, por um agricultor da Comunidade Boa Vista, distante uma hora de lancha rápida do município de Manicoré, interior do Amazonas. O ribeirinho acionou os agentes federais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que junto com a Secretaria de Meio Ambiente do Município de Manicoré realizou o traslado do filhote para a sede do município.

O resgate para Manaus foi feito de avião pela Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), que contou com o apoio do chefe da Unidade da Reserva Extrativista do Lago do Capanã Grande do ICMBio, David Araújo. Segundo ele, a maior dificuldade para o feito foi não conhecer a biologia do animal.

“Com o resgate em si, foi tranquilo. O filhote teve sorte de ter sido encontrado por uma boa pessoa, que se importou com a vida dele. Mas, o desafio foi tentar entender como proceder com o manejo. Recebemos orientação da Ampa e tudo deu certo no final. Ele encontrou um lar temporário e receberá cuidados especiais”, ressaltou.    

Sobre a Boo

Uma das personagens que permitiu aos pesquisadores entender um pouco da biologia do peixe-boi da Amazônia foi a moradora mais antiga do Centro de Mamíferos Aquáticos Uiara, atual Parque Aquático Robin C. Best do Inpa/MCT, a “Boo”. Um peixe-boi fêmea que chegou ao Inpa na década de 70, período em que se sabia muito pouco sobre a espécie. “Boo” foi levada ao Instituto ainda filhote, vítima de maus tratos. Recebeu os primeiros cuidados da pesquisadora pioneira do Projeto Peixe-boi da Amazônia, Diana Magor.

Se a “Boo” tem memória, deve lembrar dos longos e difíceis anos que passou dentro de uma pequena piscina de plástico. Superada a crise nas décadas de 70 e 80, “Boo” resistiu a tudo, pelo bem da ciência, e em 1998, aos seus 24 anos, deu à luz ao primeiro bebê peixe-boi da Amazônia gerado e nascido em cativeiro, o “Erê”.

Alguns anos depois, Boo surpreendeu a todos e realizou uma façanha inédita, adotou dois filhotes órfãos, “Tapajós” e “Manaós”. Depois de ter criado os filhos adotivos, a mamãe “Boo” novamente engravida e em 2004, nasce “Kinja”. No ano em que a Ampa comemorava 10 anos, o Parque Aquático Robin C. Best ganha mais um morador, “Ayrumã”, o terceiro filho legítimo da super-mamãe, que não satisfeita, resolveu aumentar a família com mais um membro, adotando sua terceira filha, “Erapuã”.

Fonte: Instituto de Pesquisa da Amazônia