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Feira da UnB apresenta inovações desenvolvidas por professores e alunos

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Uma palmilha de látex para curar feridas de pessoas com diabetes, um software que auxilia no acompanhamento de doentes e racionaliza a permanência em leitos de hospitais públicos, siteque ajuda turistas na busca por roteiros personalizados e jogo online interativo utilizado como ferramenta pedagógica para ajudar na apreensão de conteúdos. Estas são algumas das inovações apresentadas na sexta edição da Feira de Negócios e Inovação, promovida desde ontem (28) pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT/UnB).

O evento, que termina hoje (29), envolve 3,8 mil estudantes e promove atividades para difundir a cultura empreendedora e de inovação para novos negócios, serviços e processos. Segundo o diretor do CDT e professor do Instituto de Química da UnB, Paulo Suarez, a feira também busca construir pontes com a sociedade para divulgar o trabalho realizado por estudantes nas disciplinas sobre empreendedorismo. “A intenção é que a feira seja realmente um ambiente de inovação, onde aconteçam negócios e muitas outras coisas. A cada edição ela fica um pouco maior e a gente consegue melhores coisas”, ressaltou Suarez.

Um dos exemplos é o do site InLoco, aplicativo voltado para pessoas interessadas em viagens e tecnologia. Ele conecta turistas e moradores da região visitada. “Você procura por cidade e preenche alguns interesses sobre a viagem, como cultura, gastronomia, natureza. Em seguida, osite retorna pessoas dos lugares para onde quer ir, com as mesmas preferências,” informou àAgência Brasil Victor Hugo Dias, estudante de engenharia mecatrônica e um dos criadores dosite.

“A gente pensou no site como viajante. Achamos que seria legal se houvesse sempre um amigo, uma pessoa de outra cidade, nos recebendo. Apresentamos no semestre passado e tivemos recepção muito boa”, lembrou Isabella Bonfim, aluna de Comunicação Social da UnB e também criadora do InLoco.

Premiada em uma edição anterior da feira, a ideia foi uma das selecionadas para participar do Web Summit, maior evento de tecnologia da Europa, que ocorre anualmente em Dublin, na Irlanda, desde 2009.

Além do trabalho de estudantes, a feira também mostra pesquisas, patentes e projetos desenvolvidos pelos professores da universidade. As inovações são trabalhadas pela Agência de Comercialização de Tecnologia (ACT/CDT). Duas delas, na área da saúde, prometem ajudar a vida de milhões de pessoas.

A primeira é uma palmilha de látex para cicatrização de ferimentos nos pés, especialmente indicada para pacientes com diabetes. O princípio ativo do invento é um circuito eletrônico de regeneração de tecido, que consegue diminuir de quatro a cinco vezes o tempo de cicatrização de feridas. “Nosso trabalho é colocar tecnologias no mercado, procurar empresas dispostas a comercializar, ajudar a desenvolver e concluir os produtos”, acrescentou Oscar Galdino, da ACT.

Segundo Galdino, outra elaboração do Núcleo de Inovação do CDT tem o potencial de ajudar a equilibrar a ocupação dos leitos de hospitais públicos. Um software SOS-Desospitalização sinaliza, por meio de relatórios estatíscos e de acompanhamento, os pacientes aptos a deixar os leitos de hospital e seguirem para internação domiciliar. A ferramenta vem sendo testada em um hospital público de Ceilândia, no Disitrito Federal.

Uma das criações apresentada nesta edição da feira promete ser promissora ferramenta pedagógica. Criado por um grupo de estudantes ligados ao laboratório de Inovações Tecnológicas para Ambientes de Experiência do CDT, o jogo online ITAE é do tipo "quiz", com perguntas e respostas. Respondendo perguntas, pode-se ganhar recursos para entrar no jogo. Cada resposta correta transforma-se em uma jogada do tipo Batalha Naval, onde o objetivo é afundar a esquadra distribuída pelo oponente. As perguntas podem ser moldadas conforme o conteúdo desejado.

De acordo com Francisco Anderson, estudante de ciência da computação da UnB, uma pesquisa com alunos do curso de fisioterapia comprovou que a utilização da ferramenta assegurou desempenho superior. “Entre as perspectivas para o jogo está a criação de mecanismos para capacitar alunos e empresas”, comentou Anderson.

Nesta edição foram avaliados mais de 100 planos de negócios. Um deles é uma parceria desenvolvida com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Ensino Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação. A proposta resultou na elaboração de pequenos planos de negócios. “Acreditamos que a metodologia foi testada com sucesso, inclusive pelo governo, que pode ensiná-la nas escolas”, revelou Suarez.

“Até por questão de políticas públicas, percebemos a necessidade de se trabalhar, com rapidez, o empreendedorismo e a inovação”, completou a professora Cristina Castro-Lucas, coordenadora da Escola de Empreendedores do CDT. Segundo ela, a cultura do empreendedorismo possibilita estabelecer um “diferencial competitivo”.

Estimativas da Endeavor Brasil, organização de fomento da cultura empre­endedora no mundo, somente 9% da po­pulação adulta brasileira passa por educação empreendedora, índice considerado muito baixo.