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The New York Times: É preciso mudar a forma de falar sobre aquecimento global

Matéria do jornal diz que discurso do medo pode trazer mais prejuízos que benefícios à causa

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O The New York Times publicou nesta quinta-feira (10) uma matéria onde questionava a eficiência dos esforços para aumentar a preocupação pública sobre o aquecimento global vinculando a mudança climática a desastres naturais. No texto de Ted Nordhaus e Michael Shellenberger, ambos da organização de pesquisa ambiental chamada Instituto Breakthrough, sugerem que os reflexos baseados no medo da mudança climática podem ser de negação, fatalismo e polarização.

O tabloide cita como exemplo o documentário “Uma Verdade Inconveniente”, de Al Gore, que popularizou a ideia de que as catástrofes naturais contemporâneas estão aumentando em gravidade e frequência por causa do aquecimento global causado pelo homem. O que Nordhaus e Shellenberger alegam é que essa abordagem também contribuiu para uma divisão da opinião pública. Segundo o jornal, desde 2006 o número de americanos dizendo que a mídia estava exagerando sobre o aquecimento global cresceu de 34% para 42%. 

Segundo Nordhaus e Shellenberger, desde 2000 grupos ambientalistas começaram a observar que os esforços para vincular a mudança climática a desastres naturais poderia não ter resultados positivos. Pesquisadores do Instituto Frameworks estudaram atitudes do público para o relatório “How to Talk About Global Warming” (Como falar sobre o aquecimento global) e descobriram que focar mensagens em eventos climáticos extremos fazia com que muitos norte-americanos ficassem mais propensos a ver a mudança climática como um sinal religioso, algo a ser resistido no lugar de ser impedido.

A matéria traz também um estudo recente publicado pela Yale Law School’s Cultural Cognition Project que descobriu que os conservadores se tornam menos céticos sobre o aquecimento global se antes forem apresentados a artigos que sugerem a energia nuclear ou a geoengenharia como soluções. Outro estudo citado pelo The New York Times na matéria é um da revista Nature Climate Change que concluiu que a comunicação deve se concentrar em falar como os esforços de mitigação podem promover uma sociedade melhor, não sobre a realidade e os riscos da mudança climática.

No entanto, a matéria observa que praticamente todas as grandes organizações ambientais continuam a rejeitar a energia nuclear, mesmo após quatro grandes cientistas climáticos escreverem uma carta aberta em 2013, pedindo para que abraçassem a tecnologia como uma solução para a questão climática. 

O jornal pontua que, juntamente com a retórica catastrófica, a rejeição de tecnologias tais como a nuclear e o gás natural por grupos ambientalistas provavelmente alimenta a percepção entre muitos de que a abordagem das mudanças climáticas está sendo exagerada. O argumento é que se a mudança climática fosse uma emergência planetária, o gás natural e nuclear não estariam sendo opções descartadas.