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12 Anos de Escravidão chega a escolas públicas dos EUA

Filme com 9 indicações ao Oscar será usado por alunos de ensino médio durante aulas de história

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Parece que não foram apenas os críticos de cinema que aprovaram o filme “12 Anos de Escravidão”, de Steve McQueen, indicado para concorrer a nove categorias do Oscar no próximo domingo. A partir de setembro, o longa começará a ser utilizado como ferramenta educacional por escolas públicas dos Estados Unidos. O material tem a intenção de oferecer um complemento para discutir o tema da escravidão durante as aulas de história do ensino médio.

Baseado na autobiografia do violinista Solomon Northrup, publicada em 1856, o filme conta a história de um homem negro livre que, após ser sequestrado e vendido como escravo, aprende a ser submisso para sobreviver. Na contramão dos filmes que normalmente retratam a época, os senhores de escravos não são apresentados de maneira romanceada. Ao contrário, a obra apresenta de forma direta uma visão impiedosa sobre o período da escravidão norte-americana.

O desejo de utilizar a história de Northrup como um instrumento de ensino já era antigo para McQueen. “Desde que li ‘12 Anos de Escravidão’ pela primeira vez, tinha o sonho de que esse livro fosse usado em escolas”, afirmou o diretor em nota publicada pela National School Board Association, uma das organizações responsáveis pela distribuição dos filmes, ação que faz em parceria com a produtora New Regency e a editora Penguin Books.

Segundo Montel Williams, ator e coordenador da iniciativa, as produções audiovisuais podem se tornar uma grande ferramenta educacional. “Esse filme sublinha de maneira única um período vergonhoso na história dos EUA. O filme estimula nos estudantes um desejo de não repetir os males do passado e, ao mesmo tempo, inspira os jovens a sonhar com um futuro maior e mais brilhante”, afirmou o ator no mesmo texto.

Além do filme, as escolas irão receber também o livro de memórias de Northrup e uma cartilha de estudos. Os diretores poderão decidir se irão incorporar formalmente as discussões sobre o longa no currículo escolar.

No ano passado, o Porvir conversou com o jornalista e crítico de cinema Sérgio Rizzo, cuja tese de doutorado defende a criação de uma especialização específica para que professoes do ensino fundamental trabalhem o audiovisual nas escolas. De acordo com o especialista, o audiovisual pode ser uma forma mais envolvente de trabalhar conteúdos em sala de aula. No entanto, ele advertiu para o papel do professor de ser um mediador e conduzir a discussão sobre a obra, sem tomar para si a tarefa de fazer as interpretações sobre o filme.