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FAPESP lança programa para projetos em eScience

Objetivo é associar pesquisa sobre infraestrutura de informação e os seus respectivos domínios

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A FAPESP lançou chamada de proposta que inaugura o Programa FAPESP de Pesquisa em eScience.

Trata-se de um programa novo, por meio do qual a FAPESP pretende organizar e/ou integrar grupos de pesquisa envolvidos com investigações sobre algoritmos, modelagem computacional e infraestrutura de dados com grupos de cientistas envolvidos em outras áreas do conhecimento, da Biologia às Ciências Sociais.

“O objetivo é associar pesquisa sobre infraestrutura de informação e os seus respectivos domínios”, disse Roberto Marcondes César Júnior, membro da coordenação adjuntada área de Ciências Exatas e Engenharias da FAPESP.

Essa primeira chamada de proposta, que encerra em 28 de abril de 2014, disponibilizará R$ 4 milhões para apoiar projetos relevantes que envolvam modelos matemáticos, repositórios digitais e gerenciamento de dados, novos hardwares, softwares, protocolos, ferramentas e serviços, voltados para atender demandas de pesquisas nas áreas de ciências agrárias; artes, humanidades e ciências sociais; engenharia e física, clima e ciências da terra, e à prática e educação em eScience.

“A expectativa é que os projetos envolvam também avanços originais tanto em ciência de computação como no domínio de aplicação”, disse Marcondes César.

Os interessados deverão apresentar propostas nas modalidades Projeto Temático, envolvendo pesquisadores de uma ou mais instituições, ou Auxílio Regular, apresentado por um pesquisador, individualmente.

“O programa em eScience, no entanto, tem uma particularidade: em complementação às bolsas financiáveis pela FAPESP, espera-se que a universidade dê provimento a contrapartida institucional de recursos humanos, com a contratação de programadores, analistas de banco de dados, entre outros”, sublinhou Marcondes César.

A ideia de associar pesquisa sobre infraestrutura de dados a outros domínios do conhecimento busca solucionar o que hoje se transformou em um importante gargalo da pesquisa científica: o desafio de organizar, classificar, selecionar, compartilhar e garantir acesso ao gigantesco volume de dados gerados nos últimos anos em todas as áreas, cruzar dados e variáveis diversas e possibilitar análises mais abrangentes.

“Em função disso, o mundo está se organizando de maneira diferente”, diz Marcondes. A Universidade de Harvard, por exemplo, criou em 2005 o Institute for Quantitative Social Science (IQSS), uma comunidade interdisciplinar de pesquisadores constituída com a missão de desenvolver ferramentas estatísticas e computacionais amplamente acessíveis, para fazer análises em ciências sociais e contribuir para a compreensão e solução dos grandes problemas que afetam a sociedade e o bem-estar das populações.

O IQSS organiza programas científicos apoiados por plataformas de tecnologia e vinculados a oportunidades educacionais e promove a colaboração entre professores, alunos e funcionários, ao mesmo tempo em que oferece a infraestrutura que apoia a investigação. Um desses programas, por exemplo, utiliza tecnologia e dados digitalizados em uma grande investigação sobre a história global das eleições desde o século 19.

A eScience também é base para a pesquisa colaborativa e em rede. “O LHC [Large Hadron Collider] – o maior acelerador de partículas do mundo –, por exemplo, gera resultados que são processados por pesquisadores em todo o mundo. Algumas de suas áreas já montaram estruturas baseadas em dados”, disse Marcondes César.

A ideia de implementar o programa eScience começou a ser gestada em 2009, quando a FAPESP reuniu pesquisadores de várias áreas para discutir oportunidades de colaboração.

Um segundo workshop reuniu o mesmo grupo de cientistas, desta vez já para tentar definir direções para fazer avançar as ciências da computação no Estado e investigar como essas orientações poderiam, de alguma forma, contribuir para o avanço de outros programas de pesquisa.

Em maio deste ano, quando a FAPESP e a Microsoft Research promoveram o Latin American eScience Workshop 2013, reunindo pesquisadores de todos os continentes para discutir avanços na capacidade de análise de grandes volumes de informações, a necessidade de lançar um programa voltado para atender a demanda de eScience já estava clara.