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Fórum Mundial de Ciência discute desenvolvimento sustentável

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Os países da América Latina e do Caribe alcançaram significativo crescimento econômico nos últimos anos, conseguiram reduzir suas taxas de desemprego e de pobreza e melhoraram a distribuição de renda.

Mas o progresso trouxe desafios: apesar da formação de diversas megalópoles, os países da região registram desigualdades sociais, vulnerabilidades a desastres naturais, têm poucas empresas líderes mundialmente, possuem sistemas de educação deficientes e contam com um número reduzido de pesquisadores. O Brasil, por exemplo, tem 1,2 pesquisadores para cada mil habitantes e um déficit de 20 mil engenheiros a cada ano.

Ainda que sejam produtores de commodities, esses países têm baixa participação na produção de produtos em nível mundial. Além disso, apesar de ricos em recursos naturais, apresentam pouca diversificação na matriz energética.

Esses são alguns desafios a serem enfrentados por meio de uma grande cooperação internacional, prevista na Declaração da América Latina e do Caribe, documento elaborado a partir de uma série de reuniões realizadas desde 2009 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em parceria com as principais instituições científicas e tecnológicas brasileiras e governos da América Latina e do Caribe, e que será apresentado no 6º Fórum Mundial de Ciência (FMC), evento que reúne cerca de 700 cientistas de todo o mundo no Rio de Janeiro, entre os dias 24 e 27 de novembro.

Entre as propostas do documento estão a criação de laboratórios avançados para uso compartilhado pelos países da região, o fomento ao uso racional dos recursos naturais e das fontes renováveis de energia, o fortalecimento do ensino da ciência em todos os níveis, a promoção da igualdade de gênero – visando ao aumento da participação das mulheres na ciência – e o desenvolvimento de pesquisas científicas avançadas.

“Ciência para o Desenvolvimento Sustentável Global” é o tema que conduzirá os debates do Fórum Mundial da Ciência, que pela primeira vez será realizado fora de seu país sede, a Hungria.

“A realização do Fórum no Brasil representa um marco histórico, porque, ao mesmo tempo em que reafirma a posição do país no cenário internacional, destaca a posição da comunidade científica da região. O tema escolhido tem a ver com o ponto de vista que o Brasil tem difundido mundialmente: o da sustentabilidade com inclusão social”, afirmou o presidente da ABC, Jacob Palis.

“A ideia desta edição do evento é mostrar o que a ciência tem feito nesse sentido. É preciso corrigir assimetrias, uma vez que é difícil progredir de forma sustentável deixando um grande número de pessoas de fora desse progresso. Sem a erradicação da pobreza, não alcançaremos o desenvolvimento sustentável”, disse.

O Fórum discutirá temas como a integridade científica e ética na ciência, a educação em ciência e engenharia, o papel da ciência para a inovação, a desigualdade como barreira para a sustentabilidade global, a ciência para os recursos naturais, o desafio médico para a terceira idade, a biodiversidade da Amazônia, a ciência dos oceanos, entre outros.

A FAPESP será representada no evento por Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente da Fundação e professor emérito da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Encontros preparatórios

Antes de sediar o 6º Fórum Mundial de Ciência, o Brasil realizou sete encontros preparatórios ao longo do último ano: em São Paulo, Belo Horizonte, Manaus, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília. A FAPESP sediou, de 29 a 31 de agosto de 2012, o primeiro dos encontros.

O resultados dos encontros está resumido no documento “Ciência para o desenvolvimento sustentável global: a contribuição do Brasil”, que apresenta, com uma série de recomendações, a posição da comunidade científica brasileira perante o Fórum.

Entre as recomendações estão a inclusão social como imperativo ético da ciência; a valorização dos professores e o incentivo para seu aperfeiçoamento, aliados a uma infraestrutura adequada, especialmente no setor público; o aperfeiçoamento do ensino da ciência; o desenvolvimento de ações para mitigação das causas das mudanças climáticas e da vulnerabilidade de países menos desenvolvidos; o incentivo à colaboração regional, nos âmbitos científico e político, dos países amazônicos, visando à substituição de processos econômicos convencionais de exploração da floresta por processos inovadores que propiciem a inclusão social, a geração de renda e a sustentabilidade; e o estímulo à pesquisa de remédios para doenças que afligem as regiões menos ricas do planeta.

Agência Fapesp