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Fórum do Confap debate avanço da ciência no país

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Foi aberta nesta quinta-feira (23/05), na sede da FAPESP, o Fórum do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap). O encontro, que termina nesta sexta-feira (24/05) e está sendo realizado no Hotel Blue Tree Faria Lima, em São Paulo, reúne representantes de Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) de 25 Estados brasileiros e o Distrito Federal, integrantes do Conselho Nacional das FAPs (Confap), e das principais instituições de financiamento à pesquisa do país, como o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entre outras.

Participaram da abertura do evento Celso Lafer, presidente da FAPESP; José Arana Varela, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fundação; João Carlos de Souza Meirelles, assessor especial do Governo do Estado de São Paulo para Assuntos Estratégicos, representando o governador Geraldo Alckmin; e Sergio Luiz Gargioni, presidente do Confap.

Completaram a lista de participantes Glaucius Oliva, presidente do CNPq; Luiz Antonio Rodrigues Elias, secretário-executivo do MCTI, representando o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp; Helena Bonciani Nader, presidente de Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); e Desirée Moraes Zouain, coordenadora de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, representando o secretário, Luiz Carlos Quadrelli.

O objetivo do evento é discutir as ações que podem ser articuladas e coordenadas entre as FAPs e as instituições de financiamento à pesquisa estaduais e federais para contribuir para o avanço do desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no país.

“As FAPs podem contribuir para a criação de um federalismo cooperativo, para a união de esforços e para o desenvolvimento de formas pelas quais, por meio do conhecimento, nossa sociedade seja capaz de lidar com seus desafios e ampliar o controle sobre o próprio destino”, disse Celso Lafer.

“A FAPESP tem diversos acordos de cooperação com outras FAPs. Entendemos que esses convênios fazem parte desse tipo de esforço de ação conjunta”, disse Lafer.

O presidente da FAPESP lembrou que, exatamente no dia da abertura do Fórum da Confap, a Fundação paulista completava 51 anos, e avaliou que a ideia da criação da instituição e o que ela representa teve um efeito irradiador pelo país.

“O modelo da FAPESP, no nosso entendimento, tem sido bem-sucedido e trazido benefícios para a sociedade do Estado de São Paulo e para o país como um todo. A própria oportunidade de nos reunirmos neste evento é uma demonstração do efeito irradiador da FAPESP”, disse Lafer.

Contribuição para a ciência

De acordo com dados apresentados na abertura do evento pelo diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, em 2006 as FAPs contribuíram com 23% do total dos recursos destinados ao financiamento à pesquisa por agências de fomento no Brasil. Já em 2011 a participação delas saltou para 32%, superando o total dos dispêndios feitos isoladamente por agências federais de fomento à pesquisa, como a Capes e o CNPq.

Em 2012, por exemplo, o CNPq executou um orçamento de R$ 2,2 bilhões – equivalente, segundo Glaucius Oliva, ao total aportado pelo conjunto das FAPs e com maior participação da FAPESP, que foi responsável por cerca de 50% do volume de recursos.

“Isso mostra como tem sido importante a participação das FAPs para a comunidade científica e tecnológica do país pela qualidade e volume de recursos que vêm investindo”, destacou Oliva. Segundo ele, o CNPq tem parcerias há mais de dez anos com as FAPs em projetos como os da criação dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), em um modelo de complementaridade de recursos.

“Essa parceria também representa uma fonte de recursos para o sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação”, afirmou Oliva.

Na avaliação de Brito Cruz, por formarem um conjunto de organizações complementares, determinantes para o financiamento à pesquisa no Brasil, é preciso que as FAPs tenham uma pauta e ideias para enfrentar alguns dos desafios para o avanço da ciência no país.

Um do principais, segundo ele, é aumentar o impacto intelectual da ciência feita no país, ou seja, que os trabalhos realizados por pesquisadores brasileiros sejam mais vistos, citados e tenham maior repercussão mundial do que têm hoje.

“Além do crescimento quantitativo [em termos de participação no total dos recursos destinados ao financiamento à pesquisa por agências de fomento no país], as FAPs também tiveram um óbvio crescimento institucional, proporcionado pela estabilidade orçamentária, que possibilitou aumentar a capacidade de fazerem coisas mais ousadas, demoradas e que requerem mais persistência e continuidade do que faziam há dez anos, por exemplo”, avaliou Brito Cruz.

“Essa qualidade do conjunto das FAPs torna não só possível, mas eu ousaria dizer obrigatória, a preocupação com a questão de aumentar o impacto intelectual da ciência porque, se nosso trabalho é financiar a ciência, é fundamental que ela tenha impacto intelectual”, avaliou.

Poupar o pesquisador de tarefas extracientíficas – como o preenchimento de relatórios para prestação de contas – e desenvolver ainda mais a cooperação internacional são algumas iniciativas que poderiam contribuir para isso, segundo ele.

Outras ações são aumentar a visibilidade e o impacto das revistas científicas brasileiras e estimular a qualidade e o mérito da pesquisa por meio da valorização das citações de um artigo científico individualmente, em vez do fator de impacto da revista na qual o trabalho foi publicado.

Próximo fórum

Esta foi a quinta reunião do Confap em São Paulo. “A FAPESP participou desde o primeiro momento da criação e do fortalecimento do Confap, compreendendo sua importância para o fortalecimento da articulação dos sistemas estaduais de ciência e tecnologia com o sistema federal”, afirmou Varela.

“Hoje, passados quase 15 anos de sua primeira reunião, o Confap congrega FAPs de 25 Estados mais o DF, faltando apenas a criação da FAP de Roraima. É uma grande satisfação para a FAPESP sediar esta reunião e continuar participando dessa história, que esperamos ser muito vitoriosa”, afirmou.

A próxima reunião da entidade ocorrerá em julho, em Recife, paralelamente à 65ª Reunião da SBPC em Recife (PE). “As FAPs são muitos distintas, com culturas diferentes e muitas delas são recém-nascidas, mas compartilham de uma mesma visão”, disse o presidente do Confap, Sérgio Luiz Giargioni, durante a abertura do fórum.

“Esses encontros pessoais para troca de experiências são absolutamente necessários para nos auxiliar a avançar”, disse.  

Agência Fapesp