Os médicos brasileiros estão capacitados para realizar cada vez mais a cirurgia robótica no Brasil. Essa é a opinião do médico indiano Vipul Patel, renomado cirurgião urologista através de robôs, que nesta quarta-feira (22) participou da Jornada Científica Internacional em homenagem aos 55 anos de carreira do doutor Pietro Novellino, no auditório da Amil, na Barra da Tijuca.
Vipul Patel mantém o Instituto de Robótica Global nos Estados Unidos, onde recebe médicos de diversas partes do mundo, inclusive do Brasil, para repassar seus ensinamentos de cirurgia robótica. Há menos de seis meses, o cirurgião indiano também auxilia o programa de treinamento em cirurgia robótica implantado nos hospitais Nove de Julho, em São Paulo, e Samaritano, no Rio de Janeiro.
“Os médicos brasileiros com quem eu trabalho são muito inteligentes e têm bons aproveitamentos em relação à cirurgia robótica. A segurança apresentada por eles nas simulações é um sucesso” afirmou Patel.
De acordo com o cirurgião, “ainda estamos introduzindo a robótica no Brasil e a ideia é trabalhar com os cirurgiões de Rio e São Paulo que queiram aprender os procedimentos desse tipo de cirurgia”.
A cirurgia à base de robôs, segundo Patel, é o futuro da Medicina: “O robô faz tudo que o médico manda, como se este estivesse fazendo com as próprias mãos. As vantagens são que os robôs são minimamente invasivos em relação ao corpo humano e o paciente fica mais confortável”, explicou.
Há 11 anos trabalhando com cirurgia robótica, Vipul Patel lembra que no início de seu aprendizado os robôs eram muito primitivos. “Agora os novos robôs são melhores e isso permite utilizá-los em outras áreas da Medicina”, afirmou.
Preço salgado
Embora tenha apontado as vantagens da cirurgia robótica, Vipul Patel também não esconde que o procedimento ainda é caro. “Ainda tem um preço elevado, às vezes uma só empresa mantém um monopólio na produção dos robôs”, ressaltou o médico.
O doutor Fernando Vaz, da Academia Nacional de Medicina, que foi o presidente da seção na qual Vipul Patel palestrou, ressaltou o preço elevado da cirurgia robótica.
“No Brasil, por exemplo, o preço da cirurgia é mais que o dobro da convencional, preço este que varia conforme o tipo de operação. No entanto, a cirurgia robótica certamente estará muito mais barata daqui a dez anos, pois vejo que muitas empresas estarão competindo na produção dos robôs”, projetou o médico.
Para o doutor Fernando Vaz, o Brasil ainda passa por um período de desenvolvimento. “É um mundo novo, mas não podemos deixar que os pacientes sofram durante este aprendizado médico. Acredito que a nova geração de médicos saberá manejar melhor os robôs, como se estivessem jogando um vídeo game”, afirmou Vaz.
Por conta da maior facilidade de manejo dos robôs, Fernando Vaz acredita que em dez anos haverá uma inversão: “Cirurgiões tradicionais passarão a ser a minoria, mas claro que sempre existirão para casos especiais. Haverá esta escassez de médicos tradicionais porque serão mais difícil de serem treinados. A robótica é o futuro da medicina”, profetizou.
*Do Projeto de Estágio do Jornal do Brasil