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Doenças relacionadas à obesidade custam R$ 488 milhões por ano ao SUS

Estudo da Universidade de Brasília aponta que mulheres são mais atingidas

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Uma semana após lançar uma campanha de combate à obesidade nas escolas, o Ministério da Saúde divulgou que o custo anual com internações e tratamentos relacionados à doença na rede pública é de aproximadamente R$ 488 milhões. Um quarto desse valor está relacionado à obesidade grave.

O estudo, conduzido pela pesquisadora Michele Lessa, da Universidade de Brasília, leva em conta tanto o atendimento de problemas diretamente relacionados à obesidade quanto cuidados com 26 doenças relacionadas ao excesso de peso, como o diabetes, a hipertensão arterial e diversos tipos de câncer.

"Se considerássemos só o custo da obesidade em si teríamos R$ 32 milhões, que é o custo da cirurgia bariátrica. Mas, a partir de dados epidemiológicos, em que avaliamos a associação a doenças e o percentual de casos de diabetes e hipertensão devidos à obesidade, a gente conseguiu chegar a um custo mais alto e verificar o quanto a obesidade onera o SUS", disse Michele Lessa.

Do custo total de R$ 488 milhões, R$ 166 milhões estão ligados a doenças isquêmicas do coração, R$ 30 milhões ao câncer de mama e R$ 27 milhões à diabetes. Ainda segundo o estudo, as mulheres são as mais afetadas por doenças relacionadas à obesidade do que os homens. Cerca de 1,14% da população feminina encontra-se obesa, contra 0,44% dos homens. O resultado também afeta o gasto do Sistema Único de Saúde (SUS). Cerca de R$ 328 milhões são consumidos em doenças relacionadas às mulheres obesas.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que o governo vem trabalhando para que o Brasil não alcance níveis alarmantes de obesidade registrados em outros países. Hoje, o ministério estima que cerca de 15% dos brasileiros sejam obesos. Esse percentual chega a 20,5% na Argentina, 25,1% no Chile e 27,6% nos Estados Unidos.

Rota de crescimento

A rota de crescimento, no entanto, já preocupa. O Brasil tem registrado um aumento médio de 0,76% na taxa de obesidade a cada ano. Já o excesso de peso tem crescido, em média, 1,05% por ano. A obesidade grave, também chamada de mórbida, vem apresentando um crescimento 4,3% mais rápido que a obesidade em si.

“Agora é o momento para o Brasil agir caso não queiramos atingir níveis graves como destes países. E o pior caminho para tentar enfrentar a obesidade é culpar o indivíduo”, disse Padilha.

Para tentar frear esse processo, o ministério lançou uma nova linha de cuidados voltada à obesidade, com a inclusão de novas cirurgias, a redução da idade para realizar a cirurgia bariátrica (de 18 para 16 anos) e o reajuste dos procedimentos em até 20%. Além disso, também vai ampliar o número de hospitais credenciados a realizar a cirurgia bariátrica, hoje em 81. Em 2012, segundo Padilha, foram realizadas 6.029 cirurgias bariátricas no SUS. Em 2008, foram feitas 3.195. 

Outro reforço será feito nas equipes de saúde da família, que terão aporte de R$ 530 milhões para ampliar o atual número de 1.888 para cerca de 2.900. As equipes contam com nutricionistas, educadores físicos, além de médicos.