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Academias de ciências querem fortalecer ações

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A FAPESP recebeu, no dia 23 de fevereiro, a visita de uma delegação de membros do comitê consultivo da Rede Global de Academias de Ciências (IAP, na sigla em inglês) e do InterAcademy Council (IAC). O objetivo do encontro foi discutir estratégias de captação de recursos e iniciativas para o fortalecimento das ações da IAP.

Fundada em 1993, a entidade reúne 106 academias científicas nacionais e regionais, entre elas a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Royal Society, do Reino Unido, e a Academia Nacional de Ciências (NAS), dos Estados Unidos.

Um dos objetivos da entidade é ajudar as academias a fornecer aconselhamentos científicos sobre questões relacionadas à ciência para o governo e a sociedade em geral.

O governo da Itália oferece financiamento de base e as academias filiadas dão contribuições financeiras às atividades da entidade, sediada em Trieste (Itália), na Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS, na sigla em inglês).

Já o IAC foi criado em 2000, por iniciativa das academias mundiais de ciências, para mobilizar cientistas e engenheiros a fornecer consultoria a governos nacionais e organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial, em questões relacionadas à ciência.

O presidente da ABC, Jacob Palis, e o professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luiz Davidovich são membros do conselho do IAC.

A entidade, localizada na Academia Real de Artes e Ciências da Holanda, em Amsterdã, produz relatórios sobre questões científicas, tecnológicas e de saúde relacionadas aos atuais desafios globais e participa dos encontros e atividades promovidos pela IAP como observadora.

“No último encontro dos membros do comitê consultivo da IAP foram dadas algumas sugestões muito boas sobre como fortalecer as ações da nossa organização, que foram discutidas com afinco por um grupo de trabalho, que selecionou algumas delas para discutirmos nesta reunião no Brasil”, disse Howard Alper, copresidente do comitê executivo da IAP e presidente do Conselho de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Canadá.

Além de Alper, integraram a comitiva, entre outros, Robert Dijkgraaf, copresidente do IAC, e John Boright, diretor executivo de relações internacionais da NAS.

A delegação foi recebida por Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, que fez uma apresentação sobre a Fundação.

Aumento do orçamento

Uma das questões discutidas durante a reunião na FAPESP foi que a Rede Global de Academias de Ciências – que opera atualmente com um orçamento de menos de US$ 2 milhões por ano – não tem recursos para administrar os programas e estudos necessários e melhorar o impacto de suas academias filiadas.

Em função disso, uma das sugestões levantadas pelos participantes do encontro foi a realização de campanhas para aumentar a arrecadação de fundos, principalmente de empresas.

De acordo com dados apresentados no encontro, as três principais fontes de receita da Royal Society e da NAS hoje são as fundações – que representam a maior fonte de financiamento depois do governo, que é responsável por 80% das contribuições –, seguidas dos próprios membros individuais das academias e, por último, das empresas – cujo apoio às academias de ciências é praticamente inexistente.

“Poderiam ser desenvolvidos programas para adesão de empresas, com filiação anual, para sustentar as ações da Rede Global de Academias de Ciências”, sugeriu Doremus Vanderhoof, relator das ações, durante o encontro.

De acordo com Vanderhoof, o objetivo de fortalecer o orçamento e, por conseguinte, as ações da IAP, é fazer com que a entidade possa se tornar a autoridade global sobre questões científicas e informar e influenciar as políticas científicas tanto em escala mundial como regional.

“Os desafios globais exigem soluções mundiais. Mas, para serem bem-sucedidas, essas soluções globais devem ser apropriadas por cada um dos países”, avaliou.

“A IAP pode auxiliar a facilitar o desenvolvimento de soluções para os desafios do mundo por meio do trabalho realizado por sua rede global de academias científicas”, disse Vanderhoof.

Congresso no Rio de Janeiro

A entidade realiza até esta terça-feira (26/02), no Rio de Janeiro, sua primeira conferência e assembleia geral na América do Sul.

Com o tema “Ciência para erradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável”, o objetivo do evento, realizado a cada três anos, é mostrar como a ciência pode contribuir para enfrentar os desafios globais.

“Mudanças climáticas”, “Energia sustentável”, “Acesso à água limpa e saneamento básico” e “Saúde e segurança alimentar” são alguns dos temas em discussão no evento, organizado pela ABC.

Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente da FAPESP, e Marie-Anne Van Sluys, membro da coordenação do programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), participaram, no dia 25 de fevereiro, de um painel de discussão no evento sobre o papel da ciência face aos grandes desafios enfrentados pela humanidade. 

Agência Fapesp