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Novo composto pode retardar progressão do mal de Parkinson

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Em uma descoberta ainda em fase inicial, uma equipe de cientistas da Universidade de Northwestern desenvolveu uma nova família de compostos que podem retardar a progressão do mal de Parkinson. O estudo foi publicado na revista Nature.

A doença, a segunda mais comum entre as degenerativas, é causada pela morte dos neurônios de dopamina, o que resulta em tremores, rigidez e dificuldades de locomoção. Os tratamentos atuais tratam os sintomas, mas não desaceleram a progressão da enfermidade.

Os novos compostos foram desenvolvidos por Richard B. Silverman, professor de química na Faculdade Weinberg de Artes e Ciências, nos Estados Unidos, e inventor da molécula que se originou a conhecida droga Lyrica - utilizada para tratar doenças como epilepsia, dor neuropática e ansiedade -, e James Surmeier, professor de fisiologia na Escola de Medicina Feinberg da Universidade de Northwestern.

Os compostos trabalham "fechando" a porta para um hóspede destrutivo - o cálcio. Eles marcam e fecham uma proteína de membrana relativamente rara que permite que o cálcio flua para dentro dos neurônios de dopamina. Surmeier já havia publicado um estudo em que mostrou que a entrada do cálcio através dessa proteína pressionava os neurônios de dopamina, potencialmente levando ao envelhecimento prematuro e à morte. Ele também identificou precisamente a proteína envolvida: canal Cav1.3.

"Estes são os primeiros compostos que têm como alvo seletivamente esse canal", diz Surmeier. "Fechando o canal, nós devemos ser capazes de retardar a progressão da doença ou reduzir significantemente o risco de qualquer um desenvolver a doença de Parkinson se tomar essa droga cedo o suficiente", explica. "Nós desenvolvemos uma molécula que pode ser um mecanismo inteiramente novo para deter a enfermidade, em vez de apenas tratar os sintomas", acrescentou Silverman.

Os compostos trabalham de forma semelhante à droga isradipina, para a qual a fase 2 de ensaios clínicos com pacientes de Parkinson foi recentemente completada. No entanto, porque a isradipina interage com outros canais das paredes dos vasos sanguíneos, não pode ser usada em uma concentração suficientemente alta para tratar Parkinson.

O desafio para Silverman era projetar novos compostos que tivessem como alvo especificamente este raro canal Cav1.3, e não aqueles que fossem abundantes nos vasos sanguíneos. Primeiramente, ele e a equipe usaram triagem de alta produtividade para testar 60 mil compostos existentes, mas nenhum foi eficiente. "Nós não queríamos desistir", conta Silverman. Então, o cientista testou alguns compostos que havia desenvolvido em seu laboratório para outras doenças neurodegenerativas. Após Silverman identificar um com potencial, Soosung Kang, pós-doutor associado ao laboratório do pesquisador, passou nove meses refinando as moléculas até que elas fossem eficazes para fechar apenas o canal Cav1.3.

No laboratório de Surmeier, a droga desenvolvida por Silverman e Kang foi testada pelo estudante Gary Cooper em regiões do cérebro de um rato que continham neurônios de dopamina. A droga fez precisamente o que deveria fazer, aliviou a pressão sobre as células, sem nenhum efeito colateral evidente.

Na próxima etapa, a equipe da Northwestern vai melhorar a farmacologia dos compostos para os tornar adequados para o uso humano, testá-los em animais e passar à fase 1 do ensaio clínico. "Temos um longo caminho a percorrer antes de estarmos protos para dar essa droga, ou um fac-símile razoável, para seres humanos, mas estamos muito animados", disse Surmeier.